sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Os inquebráveis e insustentáveis paradigmas da web

Nos dias de hoje possuímos uma ferramenta de pesquisa que facilita nossa vida em proporção colossal, sim, me refiro a internet!Ela que nos salva em vários momentos, desde pesquisas básicas como as gastronômicas a pesquisas muito bem embasadas e construídas por universidades de renome internacional.

A internet sem dúvidas alguma atua como alicerce fundamental na vida de estudantes, professores e seres humanos em geral que buscam se informar, adquirir conhecimento e talvez entretenimento, mas será que o Google e demais instrumentos cibernéticos somente nos fornecem coisas boas?



Realmente constato que não! Muito tenho lido que informações básicas e reportagens destorcidas são propagadas em redes sociais com facilidade, ou seja, em grande maioria dos casos indivíduos compartilham e “Curtem” textos que nem ao menos leram ou analisaram, tampouco penso que procuraram aferir e mediar informações que nele continham.

O Youtube também é uma ferramenta que por vezes contribui com análises equivocas, precipitada e por vezes avessa à realidade. Apesar de ser consolidado como a rede social efetivamente mais construtiva e que contribui de maneira interessante para a formação de opinião. No Youtube podemos ver aulas de Havard e Oxford como podemos contemplar vídeos desconstrutivos como os idealizados por Rachel Sheherazade, jornalista do SBT, ou seja, até os maus momentos da TV aberta brasileira são vinculados ao Youtube de alguma maneira.

No fim das contas, a alienação é contínua mesmo na internet, espaço este que deveria ser mais democrático e variado, mas o que vemos propagado por aí é sempre mais do mesmo. Vídeos alusivos e que alertam a população para problemas sociais, desvios de verbas públicas, descasos com saúde e educação pública são praticamente esquecidos, tampouco são compartilhados ou divulgados. A divulgação e propagação maior são de correntes e virais humorísticos.

Alguns dos principais pensadores da Web! Muitas frases nem são realmente de sua autoria.

Redes sociais acabam também como grandes difusores de notícias e informações, e como já foi citado neste texto, sem mediação alguma, diferentemente dos livros (Objetos que possuem folhas e mais folhas de informações aferidas e devidamente revisadas) ou seja, devemos analisar com afinco toda e qualquer informação tirada da web, principalmente as propagadas sem nenhum cuidado.

O Facebook, por exemplo, virou um celeiro de desinformados metidos a “Intelectuais”, o autor do blog em questão divulga seus textos por lá, o que não o faz um pensador ou um crítico de extrema importância ou relevância, porém é “Cool” compartilhar textos, frases e mensagens que possam construir uma imagem de intelectualidade, apesar de poucos realmente produzirem! Em suma vemos cópias escrachadas e frases que realmente nem pertencem aos autores citados.

Outra questão que merece análise é a facilidade para se conseguir informações, e por vezes não fornecidas por especialistas ou pessoas devidamente capacitadas, como já foi citado no texto. A Web se consolida como espaço democrático, onde qualquer indivíduo pode vincular informações em redes sociais e sites, portanto filtrar informações cabe ao próprio usuário.

Pelo menos não preciso procurar em 8 livros informações básicas, porém agora devo aferir informações de 8 milhões de sites, e agora?

A busca por informações relevantes e para conclusões de linhas de raciocínios nos dias de hoje está atrelada a simples cliques em buscador qualquer, afinal, será isso aprender? Ou meramente recolher o que precisamos? A relação entre usuário e informações cibernética me remete aos primórdios das relações entre humanos e meio (Natureza), onde seres humanos visando sua subsistência coletavam e caçavam de acordo com sua necessidade, e se analisarmos friamente, utilizamos a internet dessa maneira, apenas memorizando e levando consigo poucas coisas, preenchendo assim lacunas necessárias e geradas por questionamento, mas é claro, sem a devida e necessária aprendizagem.

O Google e todos os recursos cibernéticos podem estar nos deixando mais acomodados, talvez não “Mais burros”, mas estamos cada vez mais próximos de uma zona de conforto que pode nunca ter fim, a cada dia que passa definhamos mais o conceito de “Conhecimento”, não obstante disso desejamos a morte dos velhos livros.


Enfim, menos Rachel Sheherazade e mais livros! Mesmo que sejam e-books!



Fonte da imagem 1:http://www.youpix.com.br/comportamento/autores-cults-na-web/
Fonte da imagem 2: http://espectivas.files.wordpress.com/2010/11/karl-popper-web.jpg?w=398&h=277
Fonte da imagem 3: http://napraticaateoriaeoutra.org/wp-content/uploads/2009/12/sociology_strike.jpg

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Obrigado, Everwood!/Foreverwood!

Foram oitenta e oito episódios de pura emoção até o derradeiro episódio Foreverwood, posso acrescentar que durante todos estes episódios por vezes chorei e me emocionei com as histórias escritas por Gregg Berlanti e vivenciadas pelo jovem Ephram Brown e por seu pai Andy Brown. Nesses últimos meses tive noites felizes e também repleta de lágrimas acompanhando esta série desenvolvida pela Warner e já encerrada desde o ano de 2006, o porquê foi encerrada, não sei, talvez sua complexidade a tenha afastado do grande público, mas com certeza ficará sempre marcada para aqueles que como eu ousaram assisti-la!


"O coração é uma coisa frágil. E é por isso que protegemos ele
vigorosamente, abrimos ele raramente, e é por isso que significa tanto quando resolvemos abrir.
Alguns corações são mais frágeis que outros, mais puros de alguma forma, como cristal em um mundo de vidro. Até o modo como se partem é bonito."

"Michelangelo disse que a melhor maneira de julgar os elementos essenciais de uma escultura é jogá-la de um morro, desta forma, as peças que não fossem importantes se quebrariam... Às vezes a vida é assim. Ela nos joga morro abaixo... Mas quando atingimos o fim e só restam às coisas mais importantes, é quando nossa visão clareia. É quando nos agarramos ao que conhecemos, enquanto a esperança se mexe dentro de nós. E tudo é uma questão de perspectiva!" 

Fonte: Boxseries.com

De maneira breve, relato que Everwood é um seriado que carrega o nome de uma cidade fictícia que recebe o desembarque de três novos moradores, estes, integrantes da família Brown, comandados por Andy, famoso neurocirurgião de Nova Iorque que busca na cidade uma “Segunda chance”, esta que se refere à aproximação de seus filhos, já que quando era cirurgião sua família pouco o via e seus laços familiares abalam-se de maneira brusca com o falecimento de sua esposa, o refúgio então é a pequena Everwood, localizada entre as montanhas do estado do Colorado, Estados Unidos.

Abertura da 1ª e 2ª temporada.

No decorrer da série Andy aprende muitas coisas no que se refere à convivência familiar, por vezes sua relação com Ephram, seu filho mais velho e genial pianista, é destaca, ora por ser plenamente positiva e agregadora ou por ser extremamente difícil e complicada. Entre as quatro temporadas é possível de se perceber que Ephram e Andy se aproximam, porém os destinos por vezes os tornam mortais inimigos por vezes perceberam diálogos profundos e inflamados, sendo bastante destacada a maturidade de Ephram ao lidar com questões que envolvem a morte de sua mãe.


" Não existe certeza quando se trata de sonhos.
Alguns se realizam, porém, outros tantos morrem.
Quando isso ocorre, é quando alguns se perguntam...
Para que continuar sonhando? "

"Somos ensinados a nos lembrar
apenas dos momentos significantes
os ritos de passagem.
Na verdade, os menores
passos que nos levam
para essas importantes ocasiões,
são tão importantes quanto elas próprias.
Quando olhamos pra trás,
não vemos apenas os bons momentos,
mas também os piores,
que também definem quem nós somos e quem nos tornaremos."


Por fim, destaco que Everwood não somente é uma série televisiva que nos propõe entretenimento, mas sim, busca nos levar a momentos de profundas reflexões. Ao vermos determinados episódios é facilmente possível nos imaginarmos como integrantes do seriado. Dilemas e dramas familiares são difíceis de serem retratados, mas Everwood quebra todos os paradigmas! A série consegue por vezes tratar de temas atuais com sutileza, sem apelações! Os diálogos da série possuem características muito peculiares, e a ironia e a personalidade bem tracejada dos personagens realmente é fascinante.

Abertura da 3ª e 4ª temporada.

Para quem acompanha/acompanhou/acompanhará a série, é facilmente perceptível que os principais personagens nem sempre serão de nossa preferência, pois existem coadjuvantes de luxo na série, e por vezes estes acabam roubando a cena com bons toques de humor.

Everwood não é somente um “Dramalhão”, como descabidas críticas apontam, também pode ser considerada uma série de humor, de cunho médico e até mesmo de entretenimento, mas como disse, sem elementos apelativos ou fantasiosos. O Google será um óbvio e constante recurso utilizado por qualquer telespectador, afinal, o neurocirurgião Andy Brown por vezes menciona termos técnicos ao atender seus pacientes em seu consultório, fato que quase me esqueci! Andy atende gratuitamente na cidade como médico familiar.

Elenco da 3ª temporada reunido, Fonte: Boxseries.com

O que levo de Everwood?

Comecei a acompanhar a série no ano de 2006, o SBT transmitia a série em um horário extremamente desconfortável, às quintas-feiras por volta das 2h da manhã, porém nunca deixei de acompanhá-la, mesmo assim o SBT acabou transmitindo somente até a terceira temporada da série, deixando fãs com um enorme hiato (O SBT nunca exibiu o restante dos episódios). No fim de 2013, com maior disponibilidade de tempo, e após uma conversa com uma amiga, decidi retomar a série, e acabei a “Recomeçando”, partindo desde o 1º episódio.


“Há certos marcos em nossas vidas, que nos dá oportunidade para refletir sobre onde estivemos e ver para onde estamos indo.”


Sem dúvidas nenhuma esta decisão foi uma das mais acertadas de minha vida, e por vezes posso mencionar que virei noites acompanhando a série, finalmente minha insônia encontrou um parceiro diferente de livros ou lápis e cadernos! Everwood me trouxe a oportunidade ser “Mais humano”, talvez menos metódico e mais “Amigo”, também compreendi o real valor de uma família, não que não compreendesse antes, mas agora sei que um tesouro não se resume a milhares ou milhões de reais, mas sim a uma estruturada e unida família. Andy Brown me ensinou como é complicado chefiar uma família, talvez graças a ele eu compreenda o porquê da perda dos cabelos do meu pai! 

“O homem, em sua essência, busca a felicidade e às vezes faz longas jornadas até os lugares em que acredita que irá encontrá-la, mas algumas vezes acaba descobrindo, que na verdade a felicidade não está longe delas e que apenas precisava olhar dentro de si mesma e ao seu redor para encontrá-la.”

Ehpram me ensinou que ser catedrático demais pode ser ruim, apesar de essencial em determinadas horas, me mostrou também que sempre podemos aprimorar habilidades com treinos árduos e disciplina. Talvez aos 60, 70 ou quem sabe 90 eu conte como foi assistir Everwood aos meus netos, só precisarei da paciência deles, pois o que vi/aprendi na série jamais esquecerei!

Por fim, só tenho a agradecer a Gregg Berlanti por escrever tamanha odisseia, e por me ensinar a ser um ser humano mais compreensivo.

Adeus Everwood, até o dia que nós nos encontraremos novamente! Foreverwood!

Não preciso dizer que o tema de abertura de Everwood é de arrepiar, né! Abaixo a música completa.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Recuperar ou condenar? O sistema prisional brasileiro e um retrocesso sem fim!

Breve introdução.

O sistema prisional brasileiro por vezes é alvo de pesadas críticas da sociedade, afinal, pouco se sabe sobre o mesmo no que se refere À recuperação de detentos e por vezes acompanhamos rebeliões em presídios, penitenciárias e casas de recuperações de jovens infratores. O principal fato é qual a real utilidade de nosso sistema prisional? Punir? Somente privar da liberdade ou recuperar o criminoso para o retorno à sociedade? São indagações que possivelmente serão respondidas por qualquer bacharel em direito, contudo, na prática nem sempre observamos estes resultados.

1º Ponto: Presídio X Penitenciária.

A maioria da população desconhece que há um abismo conceitual entre os dois termos, sendo que Presídio é o local onde o indivíduo acusado por um crime que ainda não foi julgado permanece, a Penitenciária é o local que abriga indivíduos já julgados e com penas estabelecidas.

Características básicas e superlotamento.

Para termos uma ideia, no Brasil existem 1.806 presídios ou penitenciárias (dados de 2009), com projeção para se chegar a 2.000 no de 2014.

Fonte: DEPEN

Um dos maiores problemas enfrentados pelo Ministério da Justiça, conselhos e departamentos responsáveis pelo sistema prisional é o superlotamento, este que atrelado à lentidão do poder jurídico brasileiro acabam abarrotando as penitenciárias e presídios já existentes. O DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) julga necessária a construção de pelo menos 396 unidades que tenham a capacidade de receber 500 detentos para normalizar o caos penitenciário brasileiro.

O DEPEN também aponta um déficit de 250 mil vagas atualmente, e julga que os presos temporários (Ainda não julgados) são os grandes vilões do cenário atual, atrelado é claro, ao jurídico abarrotado e lento. Há pelo menos 70 mil presos em cadeias, cadeiões ou até mesmo em contêineres.

Atualmente o Brasil é o 4º país com maior população carcerária, não esquecendo que possuímos também a 5ª maior população entre todos os países. As frentes do Brasil estão países como Estados Unidos (1º lugar), China (2º lugar) e Rússia (3º lugar), sendo que dentre estes somente a Rússia possui uma população absoluta menor que a de nosso país. A população carcerária de nosso país em 2013 chegou a 550 mil.

Crítica ao panorama nacional.

Desde o fim do ano de 2013, e também no decorrer de 2012 o Brasil vivenciou tristes episódios motivados pelas condições de seu sistema prisional, por vezes acompanhamos pelos meios de comunicação fatos lamentáveis como incêndio de ônibus, ataque a patrimônios públicos e até mortes de pessoas que nada tinham a ver com a real problemática.

No início deste ano acompanhamos casos envolvendo o estado do Maranhão, este governado pela interminável família Sarney, o estado comandado por Roseana é de longe um dos estados mais pobres (Quase miserável) e mais mal governados de nossa nação, e sem dúvidas alguma o sistema prisional do estado é abandonado, assim como outros setores essenciais, tais como educação e saúde.

Presídios brasileiros superlotados, fonte: DEPEN.


A população carcerária do estado é enorme, em proporção é a maior do país (DEPEN) e é claro, não podemos deixar de aliar os índices de desenvolvimento sociais do estado à sua imensa população carcerária, já que o acesso à educação e saúde influencia na vida de qualquer individuo, fato que não parece preocupar o governo de Roseana, pautado principalmente por extravagâncias e gastos exacerbados e desnecessários.

De fato buscaremos sempre o irrespondível! Qual será o objetivo de nossos governantes, empilhar detentos? Promover humilhações ou maus tratos? Beneficiar sempre criminosos de colarinho branco? Tornar presídios e penitenciárias infernos superlotados e com disseminação de doenças?

Na grande maioria das vezes o criminoso possui sua parcela de culpa, afinal, cometeu um delito e deve ser julgado, e se for condenado, tem que responder por isso sendo privado de sua liberdade, mas pense comigo, caro leitor, depois que cumprir sua pena, para onde este indivíduo vai? Cometer outros crimes? Na maioria das vezes sim! Pois por falta de opções este sujeito acaba se envolvendo novamente no mundo da criminalidade, fato que é alarmado por vezes em nosso país, porém tudo continua sempre da mesma forma. O governo até coloca em prática alguns programas interessantes que visam à recolocação profissional destes indivíduos, contudo, no tempo que ficam aprisionados acabam “Parando no tempo”, ou seja, não recebendo nenhum tipo de reeducação ou qualificação, este que deveria ser o real objetivo do aprisionamento.


Governo brasileiro recuperando seus detentos, de maneira simplificada e objetiva.


Possibilidade, soluções e exemplos:

Uma das grandes hipóteses já levantadas por sociólogos e cientistas sociais é o trabalho dos detentos, estes que por vezes fornecem um salário e dias e menos em suas penas, claro alguns crimes como os hediondos são se enquadrariam neste tipo de programa, mas contrariando estes ideais criamos uma imensa massa improdutiva em nosso país, que por vezes é sustentada por trabalhadores, tais como nós!

Serviços, obras e grandes empreitadas que hoje somente funcionam através de licitações poderiam ser empreendidas por detentos, assim o governo poderia além de reduzir índices de revoltas, utilizar o dinheiro que economizaria nas obras e reinvestir no sistema prisional nacional, tornando seus presídios e penitenciárias praticamente autossustentáveis, Tomando esta atitude o governo poderia dar mais atenção aos segmentos de maior importância para a nação, tais como: Educação, saúde e segurança pública.

Um bom exemplo é a Suécia, esta que conta com pouco mais de 4 mil detentos e no último ano fechou 4 penitenciárias devido ao baixo número de detentos, segundo a revista Carta Capital, os fatores que mais contribuem para a queda substancial do número de detentos se resume as seguintes características:

“1) investimentos na reabilitação de presos, ajudando-os a ser reinseridos na sociedade; 2) penas mais leves para delitos relacionados às drogas e 3) adoção de penas alternativas (como liberdade vigiada) em alguns casos.

Em sua grande maioria, detentos suecos produzem algo para o governo, ou seja, “Trabalham” para se manter nos presídios e manter a qualidade do mesmo.

Sabemos que se torna cansativo utilizar argumentos como:

“A Suécia é um país anão, somente possui 1/20 de nossa população, nossa situação é incomparável”.

Sim, é cansativo e não é verdadeiro, para abdicarmos da construção de presídios e penitenciárias antes de tudo temos que investir maciçamente em Educação, pois somente um país alicerçado neste segmento pode crescer e se tornar desenvolvido.
Por fim, coloco outra citação da revista Carta Capital:

Datena: Justiceiro de araque! Fonte: band.bom.br


“Isso sem falar na questão moral. Insuflada pelos Datenas da vida, boa parte da população acha que mesmo quem cometeu um crime leve tem de amargar longos períodos encarcerados em condições sub-humanas. E grita contra qualquer investimento na ressocialização de detentos –” pra quê gastar dinheiro com bandido?"


“O que o autoproclamado “cidadão de bem” precisa entender é que a melhor opção para a segurança de sua família –e para um mundo melhor— é o modelo sueco, e não a manutenção das prisões brasileiras tais como estão hoje."


Ao Cubo - Mil desculpas

Lágrimas não tem preço meu rapaz,
Só eu sei a falta que ele me faz,
Agora está tudo acabado,
Jamais a vida volta pra traz,
Meu conselho era simples,
Não roube
Trabalhe e conquiste,
Eu vim até aqui pra saber o porque
Você cometeu esse crime?

Talvez pelo país onde todo mundo deve,
Onde todo mundo rouba, sei lá,
Tem mão leve,
Desde do primeiro cidadão de Portugal,
Se é desde do começo e imagine o final,
O motivo era banal um pouco mais de um real,
Nem sei porque matei, talvez respeito e tal...










sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dossiê Big Brother Brasil/ Um ensaio à fraqueza: Retorno esperado e indesejável

Na próxima semana se inicia mais uma edição do Big Brother Brasil, um dos programas mais polêmicos e criticados da história da televisão brasileira. O programa atinge este ano sua 14ª edição, e tem a previsão de ficar até 2022 em nossa telinha. A produtora Endemol já noticiou que a renovação com a Globo é iminente, o programa nada mais é que um Lionel Messi da toda poderosa Globo.

Histórico do programa:

O programa foi criado e idealizado por um produtor holandês, John de Mol, este que era sócio e proprietário da empresa que detém os direitos do programa, a Endemol. O programa foi baseado em um livro de George Orwell, mais precisamente o livro “1984”. O produtor ao ler o livro inspirou-se e decidiu criar um reality show onde participantes seriam filmados e monitorados 24 horas por dia, seu objetivo inicial seria observar o comportamento de participantes em um local desconhecido e como lidariam com um confinamento diante de pessoas desconhecidas e com milhões “Vigiando”.
Muitos países realizaram mais de uma edição do Big Brother (O objetivo inicial seria apenas uma edição), dentre os quais países desenvolvidos como Suíça, Alemanha (11 edições!), Suécia e Reino Unido, porém apenas dois países destacam-se atualmente por produzirem um número elevado de edições, Brasil e Espanha, esta que é recordista, com 16 edições até os dias de hoje.

Big Brother no Brasil:

No Brasil o programa é alvo de críticas, é tratado como escória televisiva, porém, constantemente é notícia nos principais jornais, revistas e sites brasileiros. De fato observa-se que com o passar do tempo o programa foi perdendo popularidade, sua audiência é bem menor do que outrora, contudo seria uma burrice descabida dizer que o programa não é lucrativo, afinal, a gigante Globo jamais faria 14 edições de algo que não fosse realmente rentável.

O programa mostra-se cada vez pior, se analisarmos todas as edições com cuidado, percebemos que o programa visa polemizar diversas questões, e cumpre seu roteiro de maneira fiel, sempre incluindo entre os participantes modelos, empresários, misses e demais pessoas que de fato sejam diminutas de massa encefálica, mas que agradem uma sociedade carente de heróis. Não podemos esquecer-nos das cotas e dos ideais bestiais praticados pelo programa, há sempre negros (Em menor número, lógico!) e gays, com isso visam retratar a população brasileira, olhem que perceptivos!

Big Brother Brasil: Educando uma sociedade! Fonte: Educarblog.com.br

Houveram edições em que se criou um clima de rivalidade, separando grupos e também levantando questões como homofobia, sendo que o programa seria o local menos apropriado para a discussão de tais reptos, afinal, trata-se de um lixo televisivo que pouco acrescenta a população, seus personagens pouco produzem e são maus exemplos às crianças de nosso país. Festas, bebedeiras e cenas que envolvem obscenidade são comuns, e incentivadas pela produção, o que realmente me machuca é que a população necessita destes ingredientes para assistir ao programa.

Audiência:

Se analisarmos do ponto de vista frio e calculista, percebemos que o programa pouco inova, e têm seus personagens bastante estereotipados, a produção inclusive tratou de eliminar os “Pobres” da disputa, visando assim tornar o programa mais competitivo, afinal, nos primeiros programas “pobres coitados” acabaram vencendo, o que desagradou os telespectadores da camada mais nobre da população brasileira.

Mas devemos observar que a rede aberta de televisão vem perdendo público, tanto para a TV fechada quanto para a internet, esta que, aliás, se tornou o principal veiculo de crítica ao programa. Mas analisando mais alguns números percebemos que muitos que acompanham o programa o fazem através da internet, acessando o site da própria Globo e vendo vídeos pelo mesmo, além de ler notícias relacionadas ao programa nos demais portais, isso indiretamente é dar audiência.

Audiência do program ao longo das edições, fonte: IBOPE.

Faturamento:

O Big Brother Brasil é dentre todas as edições dos demais países o mais rentável, e também o que oferece a maior premiação, chegando a 1,5 milhão de reais, fora todos os outros prêmios oferecidos de “Lambujas” por outros patrocinadores do programa. Um dos fatos que mais assombram a crítica é a capacidade de captação de recursos que o programa possui, afinal, ano após ano o faturamento do programa aumenta exponencialmente, tornando assim cada vez mais viável novas edições. Para se ter uma ideia, até 2011 à rede Globo já havia faturado mais de 2 bilhões de reais, e já possui mais de R$ 200 milhões em acordos de merchandising fechados para a edição que se inicia em 2014, sem contar que as cotas de patrocinadores tiveram um reajuste de 12%, deve ser a inflação!

Patrocinadores do Big Brother Brasil: A AMBEV tem duas cotas!

Participantes:

O Big Brother Brasil já teve 217 participantes, alguns nem ao menos chegaram a entrar na casa, ficaram em uma pré-seleção, a mesma ocorria em casas de vidros em grandes shoppings brasileiros, uma tentativa de popularizar ainda mais o programa e torná-lo interessante. De fato a grande parte dos participantes saiu do anonimato por algum tempo, porém grande maioria não se consolidou. Como havia comentado antes, os participantes em geral não demonstram nenhum talento, tampouco oferecem algo que acrescente a sociedade, e seu lastimável fim é o anonimato e o rótulo de ex-bbb, cruz que alguns carregam mesmo sendo famosos e profissionais de outras áreas. Os participantes mais destacados foram Grazi, hoje atriz, Kléber, o primeiro idiota que venceu o circo e Sabrina Sato, (humorista?) do programa Pânico na Band. Jean Wyllys merece menção honrosa, pois se consolida como um deputado federal bastante ativo, integrando o PSOL no Rio de Janeiro.

O poeta e o palhaço:

Pedro Bial era considerado até o ano de 2002 um grande jornalista brasileiro, pelo menos por maior parte da população que é fã da rede Globo, porém, ao assumir o cargo de condutor da “Nave” Big Brother Brasil acabou perdendo seu prestígio, suas crônicas e comentário ao fim de cada programa (Os de eliminação) acabam emocionando uma parcela de tolos que o acompanham, Bial estuda, lê e produz excelentes textos, transformando os personagens da casa em grandes heróis, em lindas princesas e em bravos cavaleiros. Ao ouvir alguns de seus comentários percebemos que o mesmo retira inspiração de outro local, afinal, não é possível ser criativo após tantas edições e imenso convívio com pessoas que não utilizam o cérebro e sim somente o “Corpo”.

Crítica social:

Em minha opinião, e compartilhada pela maioria racional que vive em nosso país, o programa Big Brother nada mais é que um lixo televisivo, afinal, não encontramos nada de positivo mesmo após os 12 anos de exibição em nosso país (Parecem 150!), muito pelo contrário, o programa se coloca em meses que o nosso país mal funciona (Janeiro a março), e cruza com o carnaval (Outra idiotice!).

O programa age como ferramenta de detrimento e emburrecimento de nossa população, que já não é das mais brilhantes, e por incrível que pareça, pouco faz para mudar este panorama. Hoje vemos através de dados consolidados do IBOPE que a parcela que mais consome programas como BBB são de classes inferiores a B, ou seja, uma população mais pobre e por ventura menos esclarecida, e a tendência é que seja sempre assim se nada fizermos, ou se continuarmos acompanhando programas tão esdrúxulos e desconstrutivos.

Invariavelmente assistimos comentaristas e personalidades que comentam o quão é destrutivo é acompanharmos ou prestigiarmos programas de tal calão, o Big Brother atua como desconstrutor de valores morais, éticos e privilegia determinada elite, o confinamento é algo regrado a festas, balburdias e por fim um celeiro de besteiras lastimáveis, afinal, não se vê alguém lendo ou discutindo problemas sociais ou causas cabíveis, talvez por exigência da própria Globo, afinal, quem sabe tudo o que aconteça por lá não seja previsto e ensaiado?

Por fim, acabo mais este relato, que mais parece um ensaio, ressaltando e pedindo a todos que desliguem suas televisões, ou mudem de canal, pode ser difícil inicialmente, porém nos ajudará muito na criação de um país melhor, mais consciente e crítico!

Alguns exemplos de críticas inteligentes feitas ao programa, e seus similares, lógico!

Boni (Ex-diretor da Globo) emitindo sua opinião!

Régis Tadeu, crítico musical.

Entrevistado da própria produção, logicamente a filmagem nunca foi ao ar.




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O dia em que tive uma básica lição de força de vontade.

Neste ano que passou ministrei aulas para alunos incríveis, realmente fiquei muito grato com meu ano, profissionalmente falando. Porém, no mês de setembro presenciei fatos que realmente me tornaram um professor melhor, e talvez um homem melhor.

Em um ano de carga horária elevada e de diferentes caminhos a serem percorridos fui conhecendo um pouco mais de meus alunos, alguns com instigantes e vitoriosas histórias, outros nem tanto, porém, como ser humano comum, tive curiosidade em adentrar em algumas delas.

Do alto de minha mania de “Consertar o mundo” ou talvez de “Controlá-lo”, conheci melhor a história de um aluno da Educação de Jovens e Adultos, que em suma é um público mais experiente e com experiências muito válidas, primordialmente a mim que leciono há poucos anos.

A história deste aluno começa a pouco mais de dez anos, em outro município, lá ele frequentava a escola normalmente, como tantos meninos de sua idade, tirava boas notas e almejava ser professor, como alguns poucos ainda desejam. Lá o rapaz convivia com sua família já fragmentada, seu pai já havia falecido e sua irmã já estara a ponto de casar, era mais velha, até aí tudo bem, há diversas famílias que possuem percalços iguais ou maiores que o até então relatado.

Porém, sua mãe descobriu que possuía uma rara doença que atingira o cérebro de maneira progressiva, e deveria recorrer a uma cirurgia rapidamente, e conseguiu, a cirurgia neurológica era tratada como simples, porém, segundo o aluno que relata seus acontecimentos, o médico “Errou”, e sua mãe desde então praticamente “Vegeta”, e com 13 anos o jovem se desfez de sonhos e almejos futuros, teve que assumir um papel ainda desconhecido, o de “Homem da casa”.

E lá foi o jovem, que deixou de estudar e começou sua vida de trabalhador desde a data do ocorrido, fato que ocorre em demasia em nosso país, onde apenas 12% atinge o 3º grau (Ensino superior). O Rapaz parou na antiga 7ª série, e até o ano de 2008 deixou os estudos de lado, abdicou de uma parte de sua vida para tratar de sua mãe.

Segundo o mesmo, que possui alto nível de esclarecimento, este não foi o mais duro golpe que já levou, e sim o fato de ter recomeçado sua vida escolar em outra instituição e a mesma não fornecer a ele o certificado de conclusão, segundo ele a instituição “Quebrou” e abandonou suas atividades, lesando milhares de estudantes, um deles foi ele. O aluno em questão já havia concluído 90% das disciplinas, e se quisesse frequentar outra instituição teria que refazer todo este percurso.

“Às vezes nesses momentos de grande promessa e potencial, nós frequentemente desejamos que pudéssemos simplesmente parar o tempo. Para apreciar esses momentos finais de gloria e largar o futuro por somente mais um dia.”

Irv in Everwood.

E ele resolveu refazer!

Foi quando o conheci em uma sala de aula, soube dessa história após um dia em que o mesmo chegou atrasado, justificando estar monitorando sua mãe. Desde aquele dia me sensibilizei e no carro, já vindo para casa, e emocionado e consternado com a situação que o mesmo se encontrava, me permiti ajudá-lo, ou buscar uma maneira de auxiliá-lo, afinal, o mesmo possuía um nível muito alto para estar no ensino fundamental, merecia estar ao menos no médio, era um direito dele!

Fui pesquisando e perguntando muito a professores, supervisores e todas as pessoas que lidavam com a educação de que maneira poderia ajudá-lo, pouco me responderam algo diferente de “O anime”. Mas uma pessoa especial me ajudou muito, e salientou que havia uma prova na Educação de Jovens e Adultos que poderia “Reclassificá-lo”, ele poderia finalmente ingressar no ensino médio caso fosse aprovado! A prova, ou exame, era extremamente técnico e difícil, e somente alunos com média elevadas e com indicações podem fazer, e ele foi escalado para o exame!

Desde lá o mesmo comemorava! Mesmo sabendo que nada estava garantido, mas segundo ele, “Alguém o dava um chance” fato novo em sua vida, neste momento já segurei minhas lágrimas, afinal, por muitas vezes pessoas como eu reclamam do muito que tem.

O ajudei a estudar, a prova era multidisciplinar, mesmo assim quis auxiliá-lo da forma que pude, por uma semana o forneci livros, informações e demais dados que de fato pudessem aumentar as chances do mesmo ser aprovado. Fiz isso desacreditado, grande maioria dos professores dizia que era quase impossível de vencer uma prova assim estudando poucos dias. Pensei muito e vi que não poderia desencorajá-lo, tampouco transmiti-lo o sentimento de derrota, já que o mesmo havia passado por tantas batalhas mais relevantes.


No dia da prova, falei com o aluno, o incentivei mais uma vez, e o rapaz foi à prova. Dias depois em sala, ainda sem sabermos o resultado, ele me encontra com uma cara de desânimo, logo evitei tocar no assunto, porém já no fim de aula o mesmo me relata que concluiu a prova, mas que achou o nível bem elevado, mas que se sentia confiante ainda. Agradeceu-me o esforço prestado e independentemente do resultado, estava feliz por ao menos tentar.

Na data do resultado da prova, voltei à instituição de ensino, fui pegar o resultado com o coração na mão, e pensando de que maneira daria uma má notícia, imaginando que talvez pudesse dificultar mais ainda à vida do aluno, afinal, a prova era difícil, e segundo relatos de outros profissionais, seria praticamente impossível passar com pouco tempo de estudo, mas fui em frente, sempre maquinando o pior.


Decidi pegar o envelope e não abrir! Deixei para entregar o resultado em sala, e pontualmente às 15h lhe dei o envelope, o aluno abriu e fez uma cara de espanto, voltei a pensar o pior e abaixei minha cabeça, mas em fração de segundos o mesmo pulava e comemorava, era um êxtase de felicidade que parecia adormecido a séculos, e então o aluno me abraçou e agradeceu todo o meu esforço, ele passou! Oficialmente ingressaria no ensino médio!

“Somos ensinados a lembrar de momentos significantes, os ritos de passagem, na verdade, os menores passos nos levam para essas importantes ocasiões, são tão importantes quanto elas próprias. Quando olhamos para trás, não veremos apenas os bons momentos, mas também os piores que definem quem nós somos e quem nos tornaremos.”

Andy Brown in Everwood.


Trata-se de uma conquista tão pequena, mas algo conquistado com o esforço próprio, que advém de um indivíduo que possuía todos os motivos para desistir, deve ser realmente valorizada. Por fim, acabei a aula e indo embora fui realmente vendo que a educação pode sim transformar o futuro das pessoas, independentemente do contexto que ela vive. Talvez agora o rapaz prossiga com seus sonhos, tente realmente ser professor, ou policial, como me confessou outrora, mas o importante é que de fato a justiça foi feita.

Fonte das imagens: