quinta-feira, 24 de abril de 2014

A escola: suas tribos, os territórios e as culturas juvenis

Na Geografia lidamos a todo o momento com o conceito de território, afinal, desde os primórdios da ciência geográfica este se faz presente nas temáticas discutidas por pesquisadores e alunos e professores.

Podemos adotar a definição de território proposta por Marcelo Lopes de Souza, que julga o território como: “Todo espaço geográfico delimitado e possuidor de espaços fronteiriços e onde há relações administrativas e de poder”.


Neste contexto, o viés da discussão cabe ao âmbito escolar, onde facilmente podemos perceber que a fragmentação territorial é bastante evidente, afinal, as semelhanças e diferenças entre costumes e crenças de alunos os afastam e os aproximam um dos outros, facilmente percebemos que há a criação de determinados grupos, estas que podem estar apoiadas por afinidades musicais, por exemplo.

É papel da escola, seu corpo docentes e orientadores, conhecer e refletir sobre a relação entre a juventude e seus territórios, assim, conseguirão valorizar de maneira plena as culturas juvenis.

No Âmbito escolar é fácil diagnosticar que vemos os “Rockeiros”, os “Funkeiros” e até mesmo os “Nerds”, cada um deles segue um conceito de comportamento, e por vezes até se vestem e se comportam de maneira estereotipada, o que por vezes gera debates e discussões infindáveis, afinal, nem todos são obrigados a amarem o que realmente detestam, mas, devem aprender a tolerar.

Mas tudo é fase, tudo passa e tudo cai, grupos conseguem se “territorializar”, e outros repentinamente são “desterritorializados”, aconteceu comigo, afinal, a onda do Hardcore melódico que assolou minha adolescência, por volta do ano de 2005, já não faz mais parte das tribos adolescentes de hoje, minha tribo foi destituída e tivemos nossos pajés assassinados!
No inicio deste ano vivenciamos situações muito parecidas com o cunho deste debate, afinal, percebemos que o rolêzinho, este praticados por jovens de todas as classes sociais, era à busca de território por jovens com o anseio de reunião, é claro, sabemos que aproveitadores também eram integrantes desses movimentos e que crimes e demais delitos foram cometidos.

Nas escolas nada disso é diferente, e na hora de intervalos e recreio percebemos o quão pode ser fragmentada a população de alunos de uma escola, nunca se percebe uma completa integração, e quando mais os jovens amadurecem mais evidente se torna a segregação populacional de alunos, o motivo? Afinidades culturais!


Também é perceptível que os conflitos ocorrem entre membros de “Tribos” diferenciadas e que as discussões por vezes são alimentadas visando comprovar quem possui uma cultura mais rica ou útil para a sociedade, porém, as discussões tendem a serem vagas e pouco fundamentas fato não isolado devido à falta de instrução e de leitura por parte de nossos jovens.

Por fim, resta ao jovem que seja tolerante e que aprenda a reconhecer a importância de todas as tribos de sua escola, e que nunca seja arrogante ou extremista ao se considerar superior por fazer parte de determinado grupo, afinal, a escola é um lar de múltiplas culturas e olhares.

Resta também considerar a rua como espaço privilegiado para a prática, representação e propagação de seus rituais juvenis, afinal, lá são o único espaço onde a repressão de educadores, pais e demais tribos pode ser descartada.




Fonte das imagens:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRewF3P108O66rtEaTVL85RE0UZv2iuek9OR4ve84Fp3KSdodoNXOG5R8C6O-q43uC8yY3eEyZemmY7jxkkMKFyLu0b6TUuhyknc92yPqGdHI2DN5PpzVAQETJCNrGEcVtMY2hF_f5cwY/s1600/img005.jpg
http://www.jacarebanguela.com.br/wp-content/uploads/2010/04/vida-e-obra-de-mim-mesmo.jpg

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A Síndrome de Peter Pan e eu.

A síndrome de Peter Pan foi definida em psicologia como a “Síndrome do homem que nunca cresce”, e a primeira obra que se refere ao assunto foi escrita por Dan Killey em 1.983, porém nem há certeza se realmente isso é uma doença real, e eu por exemplo, acredito que não, e somente creio que podemos defini-la como um estado de extrema nostalgia.

Peter Pan era um personagem que nunca crescia, e que aproveitava sua juventude eterna com seus companheiros de sua idade, ou mais novos e ao lado de sua fiel escudeira, a fada sininho, e como o mesmo nunca crescia, e desejava o mesmo, acredito que tenho um pouco em mim do velho (risos) personagem de Walt Disney.

Fonte da imagem: Uol.com.br

Desde cedo contava os dias para nunca crescer, e sempre olhava para os mais adultos e acompanhava seu semblante de extrema preocupação, e eram preocupações fidedignas, afinal, existem dívidas, empregos e imensas responsabilidades quando você se torna adulto.
Desde o ano 2000, quando tinha 10 anos, já sabia que o tempo é implacável e que nossas vidas são guiadas sempre ao sabor do destino e é claro, com nossa ajuda e com nossa tomada de decisões.

Uma vez, após uma aula questionei uma professora.

-Professora, será que um dia o ser humano criará um jeito de se ser para sempre criança?
Ela me respondeu, e tal resposta jamais esqueci...

-Não, jamais conseguirá isso, mas pense, as memórias são o que de melhor você pode levar de todos os momentos que você viveu quando criança, não esqueça também que existem fotografias e os próprios relatos orais, muitos  que você conhece hoje serão seus amigos eternamente, mesmo que alguns você nunca mais veja, algum resquício de memória você sempre carregará.

Diante da resposta, que nem ao menos compreendi, mas anotei, questionei meu irmão que posteriormente me explicou tudo, inclusive corrigindo os erros ortográficos que cometi anotando tal resposta.

Acredito que desde aquela momento tomei a consciÊncia de que crescemos, independente do desejo de termos 10, 12 ou talvez 16 anos eternamente, e também compreendi que as responsabilidades só aumentam conforme sua idade avança.

As dificuldades físicas e de raciocínio também são iminentes, mas, ao contrário do que sempre pensei, demoramos a ficarmos velhos, e o espírito da juventude pode permanecer eternamente em nossas faces, para não nos rendermos aos maus hábitos.

Nostalgia

A nostalgia toma conta facilmente de qualquer saudosista como eu, e o principal motivo por escrever mais este texto está em um específica foto que guardei, e que é datada do ano de 1999, ano em que estive na 3ª série, e ainda frequentava aula no Grupo Escola Fiorento Meller (Que hoje já tem outro nome) e onde comecei a conhecer a Geografia e ano em que decidi ser professor (É cedo, mas é verdade).

Na foto, um mero encontro de nós alunos, da 3ª série, em frente a um  monumento da prefeitura municipal de Criciúma mais conhecido como “5 dedos”, da foto, reconheço a maioria, de alguns, de alguns até esqueci o nome, apesar de lembrar muito bem que faziam parte do meu ciclo de amizades naquele momento!


O valor da foto? R$1, um valor meramente simbólico para uma grande joia que eternamente guardarei!

“Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.

Fernando Sabino.


O que você vai ser quando crescer?

O que a gente vai fazer quando se ver
De novo
O que será que acontece
Pra gente um dia não se querer mais
Eu só queria um pouco de paz




quinta-feira, 10 de abril de 2014

"Quem já perdeu um sonho aqui?!"

Com a frase central de uma das mais populares canções da banda “Hateen”, começo a escrever sobre uma das coisas que mais me afligem: A falta de prospecção das pessoas, ou seja, duelo utilizando minhas palavras contra um comodismo que insiste em invadir nossas vidas e lares.

A zona de conforto realmente um lugar muito seguro, por vezes flertamos com bons empregos e boas colocações para justamente nos acomodarmos e sermos coadjuvantes, afinal, quem precisa conquistar o espaço é quem deve batalhar. Porém, em minha concepção o comodismo é complexo, e por vezes nos torna somente mais um grão de areia na imensidão.

No âmbito educacional, vejo que é muito fácil para conquistarmos o comodismo, afinal, por que devemos continuar estudando ou buscando qualificações se já conhecemos e sabemos de tudo? Na realidade sei que nós, professores, não sabemos de tudo, porém, após algum tempo parece que a mesma vontade que exigimos aos alunos (Vontade de aprender) fica estagnada para nós, professores.

Novos cursos, especializações, palestras e qualificações parecem ser devaneios, afinal, por que deixaríamos nossas cômodas vidas bem planejadas para aprendermos mais? Por que devemos nos matar de estudar se nem tudo o que existem em cursos e especializações vamos usar em sala de aula? Pois é, é assim que grande parte de nós educadores pensamos.

Não julgo todas as situações, afinal, sei que existem pessoas que entregam suas vidas às suas famílias, o que acho muito bonito e lisonjeiro, porém, saliento que um educador nunca deve parar, o estudo é sua força motriz para continuar, e seus planejamentos e ações devem ser rasgadas ao fim do ano! Tá bem, nem tudo! Mas quase tudo! Isto, em minha concepção, é um reforço para novas pesquisas e novos métodos para a arte de lecionar!


Não admito que me digam que quem faz várias atividades ao mesmo tempo deixa a desejar na maioria delas, conheço casos, e me incluo nisso, modestamente, de pessoas que exercem várias atividades além de lecionar e conseguem desenvolver seus projetos paralelos de maneira límpida e com certo sucesso.

Não é difícil percebermos que a evolução tecnológica tornou o jovem mais esperto e perspicaz, e que o mesmo exige cada vez mais de seu professor, afinal, o anseio de aprendizagem de alguns evoluiu tão rápido quanto as máquinas desde a 1ª Revolução Industrial. Cabe ao professor se reciclar e tornar-se cada vez mais uma referência de caráter e um exemplo de um cidadão bem informado e atualizado.


Com certa nitidez observamos que alguns métodos que são utilizados na educação a tornam detestável, e isso respinga para a escola, que se torna tão chata quanto álgebra linear, que acredito que possa ser legal. Creio que o velho professor (Aquele carrancudo e disciplinador) deve se aposentar e permitir uma “muda” (Termo da biologia) e se utilizar do bom humor e das novas tecnologias para gerenciar suas aulas.

As atualizações, especializações e qualificações para isso existem, e elas nos tornam melhores, nunca é perda de tempo ler, aprender ou se exercitar, tampouco conhecer algo novo! Basta a nós, educadores, abraçarmos esta ideia, afinal, não merecemos ser apenas meros transmissores de conhecimento.

Como um sujeito que abraça o mundo, que tenta desenvolver muitas atividades ao mesmo tempo e que está diante de um cenário que representa o total pragmatismo educacional...Tenho que concordar com Rodrigo Coala quando falo sobre o sonho de uma educação pública de qualidade, pelo menos por enquanto...

Quem já perdeu um sonho aqui
Sabe o que é decepção
Só quem já perdeu tudo o que tinha
Pode entender.
Palavras,
desfeitas,
é consequência de quem já não é
A mesma pessoa, na qual um dia você acreditou
Desgasta ao refazer,
O que se espera e não tem solução
Retornos e atalhos, pra quem só vive sem direção.
Parece que vai ser sempre assim
Nada dá certo pra mim.
Oh não!

Fonte das imagens:http://edsongen.blogspot.com.br/2010/09/diante-da-realidade-em-que-muitas.html


quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Bom humor e a Geografia: Ééééééééé mais ou menoooos!

Na geografia, mais precisamente em um dos seus campos humanos, a demografia (Responsável pelos estudos da dinâmica humana e de suas populações) o bom humor pode ser apreciado sem parcimônia, afinal, por vezes nos deparamos com cenários confusos e grotescos que resplandecem em nosso país.

Não quer dizer que eu ache engraçado vivermos em um país desorganizado corrupto e com problemas sociais que deixam qualquer cidadão deprimido. Mas podemos analisar friamente algumas situações e levá-las aos alunos em um tom engraçado, e transferido o exemplo dado aos nossos jovens.

Durante as últimas semanas trabalhei com a maioria de minhas turmas dados advindos do IBGE (Censo de 2010 e estimativas de 2012), que nos mostram que várias pessoas de sua faixa etária (15 a 17 anos), aproximadamente 10%, não trabalham nem estudam, e se levarmos em consideração a localização de jovens como estes, vemos que nem todos são despossuídos o desprivilegiados, segundo o IBGE, grande parte dos jovens que trabalha nessa faixa etária também estuda (Ou somente frequenta a escola!).

"Faça piada velha para público novo e piada nova para público velho." JÔ Soares.

A leva de humor e absorção de informações, neste caso, está atrelada diretamente ao fato de possuirmos jovens esforçados, aqueles que são exemplo, estes que podem incentivar os acomodados a abandonarem estes lamentáveis 10%, estes que classifiquei de maneira bem humorada como “Pesados fardos para a sociedade”.

A Geografia propicia ao professor ser o mais dinâmico e bem humorado, só não percebe isso que é muito carrancudo ou tradicional, afinal, qual outra disciplina vai discutir os fatos rotineiros que nos envolvem diretamente com tamanha fundamentação? Ah, e os conteúdos? Eles podem ficar para um segundo plano quando o debate é fidedigno e integrador.


A disciplina que descreve a Terra é fascinante, nunca é a preferida dos jovens, isso é sabido, porém, talvez nunca seja a mais odiada, até brinco com este meio termo, afinal, a Geografia ééééééééééé mais ou menoooos mesmo!

Admito que poucos anos tive a Geografia como disciplina preferida, mas sempre me imaginei um professor menos metódico e com bom humor, afinal, quem se interessaria pela divisão geoeconômica brasileira se não houvessem algumas piadinhas sobre o assunto? Assumo aqui que o bom humor é essencial para a Geografia.


"No Brasil, quando o feriado é religioso, até ateu comemora."JÔ Soares.

Afinal, o que seria de nós, meros geógrafos e professores de Geografia sem as nossas avaliações com elementos diferenciados, tais como: Charges, tirinhas e músicas!? Tenho certeza que nenhuma outra disciplina propicia tantas lacunas para utilização das mesmos!

E se me perguntarem:
- Professor, qual era a disciplina que tu mais gostavas?
Responderei sem titubear o seguinte:
- Química, querido!
Obviamente esperaria uma réplica!
- Mas Fez Geografia...por quê?
E com um largo sorriso responderia:

- Sei lá, não escolhi Geografia, ela que me escolheu!