Jamais me
esqueço! Tratava-se de uma tarde ensolarada, novembro de 2015! Estava chegando
de mais um dia intenso de trabalho, não era um dia comum e sabia disso desde o
início do mês.
Chegava
em casa esperando notícias de uma consulta da minha mãe, uma das poucas
que não consegui ir nos últimos anos, estava tenso na escola que lecionava, era
visível que não era um dia como outro qualquer.
Cheguei
pontualmente, como de costume, Às 17h10, e lá estava parte de minha família
reunida, meu irmão e mãe pai conversavam, resolvi esperar uns minutos até
intervir, e quem me conhece sabe que isso foi sacrificante, pois realmente sou
muito metido e ansioso. Resolvi questionar logo meu irmão, este que foi em meu
lugar nesta decisiva consulta da minha mãe, e o mesmo foi enfático..
- A mãe
realmente está com câncer, Lucas!
Pensei
por uns 3 ou 4 segundos, não mais que isso, juro! E Logo dei veredito:
- Agora
vamos buscar o melhor tratamento, deve estar em uma fase inicial, temos que nos
unir e correr contra o tempo.
Meu irmão
confirmou, realmente era o estágio inicial da doença, e a médica (Mastologista)
foi determinante ao dizer que os riscos seriam baixos se tudo (exames e
consultas com especialistas) fosse resolvido rapidamente.
Com um
largo sorriso afirmei que resolveríamos tudo com a maior rapidez possível,
tranquilizando assim meus pais, no mesmo dia fui com meu irmão ao posto de
saúde para vermos os primeiros papéis da cirurgia que minha deveria fazer, e
todo o processo já começou a progredir desde aquela tarde ensolarada.
Mas...
Confesso que:
Escondi
minha angústia momentaneamente, pois sabia que desde aquele momento muitas
coisas mudariam em nossa casa, em nossas vidas. No mesmo dia resolvi parar,
refletir e repensar muitas vezes a situação que passaríamos a enfrentar, já
imaginava que estávamos lidando apenas com a ponta do iceberg.
Não foi
um final de ano positivo, e nem um pouco agradável! Era impossível não reparar
que eu ficava cada vez mais ansioso e tenso com todos os procedimentos e
desafios que via minha mãe enfrentar, achava injusto a todo o momento ver o quanto
a mesma se desgastava com intensos exames, que na maioria das vezes eram
desconfortáveis e dolorosos, sofria junto, eu confesso.
Por vezes
preferi não externalizar meu sofrimento, talvez minha impotência, estava
ali o momento mais difícil da minha vida! Sabia que para dar um conforto
maior para meus pais, teria que abrir de muitas coisas, até de atividades que
tanto amo.
A vida
tem que seguir...
A
primeira atitude que tive, foi correr atrás de tudo o que facilitasse a vida da
minha mãe, e uma delas seria abdicar de minhas aulas de Geografia,
algo que foi tão doloroso quanto levar uma facada no peito, doeu e dói demais
até hoje...
Mas sabia
que seria por um bem maior, poderia assim levar minha mãe nas sessões de
radioterapia, ela se sente melhor comigo ao lado, e era o mínimo que eu poderia
fazer diante de todo amor, carinho e dedicação que ela teve ao me criar. E digo
que jamais me arrependo do que fiz, faria tudo de novo mais um
"Zilhão" de vezes.
Foram
mais dois meses de idas e vindas diárias de casa pro Colegião, do Colegião pra
casa, de casa para o hospital, do hospital pra casa e por fim de casa para o
Colegião.
Às vezes
refletia muito sobre tudo o que estava acontecendo, do cansaço que via minha
mãe transparecer (mesmo sempre conservando um imenso sorriso), e diante de tudo
isso não conseguia ter tempo para chorar ou me desesperar, sempre tentei ser
uma rocha sólida ao seu lado, lhe repassando a maior segurança possível.
Sempre
conservar pai e mãe...
É
sabido por todos! Pai e mãe valem todo esforço, sangue ou coração! E
mesmo com o tratamento ainda andamento, já vencemos várias batalhas! Já
passamos por uma cirurgia, 30 sessões de radioterapia, minha mãe continua com a
quimioterapia via oral, ainda tem de passar pelo oncologista... Talvez tenha
que retornar mais algumas vezes para alguns procedimentos...
Afirmo
que nestes últimos 9 meses eu tenha envelhecido uns 5 anos, foram noites mal
dormidas, ansiedade e preocupações a flor da pele a todo o momento, contudo
também ficou claro que aprendi muito com tudo isso!
Passei a
dar mais valor para minha família, principalmente aos meus pais! Nada me
deixava mais feliz que ver o Ânimo de minha mãe e o "Gás" do meu pai,
que sempre me deixou seguro cobrindo minha sonolência e cansaço deste
período.
Finalizo
agradecendo a todos pela leitura e deixando esta foto que simboliza toda minha
alegria por mais uma batalha vencida!