sexta-feira, 15 de julho de 2016

São os lances da vida!

Jamais me esqueço! Tratava-se de uma tarde ensolarada, novembro de 2015! Estava chegando de mais um dia intenso de trabalho, não era um dia comum e sabia disso desde o início do mês. 

Chegava em casa esperando notícias de uma consulta da minha mãe, uma das poucas que não consegui ir nos últimos anos, estava tenso na escola que lecionava, era visível que não era um dia como outro qualquer.

Cheguei pontualmente, como de costume, Às 17h10, e lá estava parte de minha família reunida, meu irmão e mãe pai conversavam, resolvi esperar uns minutos até intervir, e quem me conhece sabe que isso foi sacrificante, pois realmente sou muito metido e ansioso. Resolvi questionar logo meu irmão, este que foi em meu lugar nesta decisiva consulta da minha mãe, e o mesmo foi enfático..

- A mãe realmente está com câncer, Lucas!

Pensei por uns 3 ou 4 segundos, não mais que isso, juro! E Logo dei veredito:

- Agora vamos buscar o melhor tratamento, deve estar em uma fase inicial, temos que nos unir e correr contra o tempo.

Meu irmão confirmou, realmente era o estágio inicial da doença, e a médica (Mastologista) foi determinante ao dizer que os riscos seriam baixos se tudo (exames e consultas com especialistas) fosse resolvido rapidamente.

Com um largo sorriso afirmei que resolveríamos tudo com a maior rapidez possível, tranquilizando assim meus pais, no mesmo dia fui com meu irmão ao posto de saúde para vermos os primeiros papéis da cirurgia que minha deveria fazer, e todo o processo já começou a progredir desde aquela tarde ensolarada.

Mas... Confesso que:

Escondi minha angústia momentaneamente, pois sabia que desde aquele momento muitas coisas mudariam em nossa casa, em nossas vidas. No mesmo dia resolvi parar, refletir e repensar muitas vezes a situação que passaríamos a enfrentar, já imaginava que estávamos lidando apenas com a ponta do iceberg.

Não foi um final de ano positivo, e nem um pouco agradável! Era impossível não reparar que eu ficava cada vez mais ansioso e tenso com todos os procedimentos e desafios que via minha mãe enfrentar, achava injusto a todo o momento ver o quanto a mesma se desgastava com intensos exames, que na maioria das vezes eram desconfortáveis e dolorosos, sofria junto, eu confesso.

Por vezes preferi não externalizar meu sofrimento, talvez minha impotência, estava ali o momento mais difícil da minha vida! Sabia que para dar um conforto maior para meus pais, teria que abrir de muitas coisas, até de atividades que tanto amo.

A vida tem que seguir...

A primeira atitude que tive, foi correr atrás de tudo o que facilitasse a vida da minha mãe, e uma delas seria abdicar de minhas aulas de Geografia, algo que foi tão doloroso quanto levar uma facada no peito, doeu e dói demais até hoje...

Mas sabia que seria por um bem maior, poderia assim levar minha mãe nas sessões de radioterapia, ela se sente melhor comigo ao lado, e era o mínimo que eu poderia fazer diante de todo amor, carinho e dedicação que ela teve ao me criar. E digo que jamais me arrependo do que fiz, faria tudo de novo mais um "Zilhão" de vezes.

Foram mais dois meses de idas e vindas diárias de casa pro Colegião, do Colegião pra casa, de casa para o hospital, do hospital pra casa e por fim de casa para o Colegião.

Às vezes refletia muito sobre tudo o que estava acontecendo, do cansaço que via minha mãe transparecer (mesmo sempre conservando um imenso sorriso), e diante de tudo isso não conseguia ter tempo para chorar ou me desesperar, sempre tentei ser uma rocha sólida ao seu lado, lhe repassando a maior segurança possível.

Sempre conservar pai e mãe...

É  sabido por todos! Pai e mãe valem todo esforço, sangue ou coração! E mesmo com o tratamento ainda andamento, já vencemos várias batalhas! Já passamos por uma cirurgia, 30 sessões de radioterapia, minha mãe continua com a quimioterapia via oral, ainda tem de passar pelo oncologista... Talvez tenha que retornar mais algumas vezes para alguns procedimentos...

Afirmo que nestes últimos 9 meses eu tenha envelhecido uns 5 anos, foram noites mal dormidas, ansiedade e preocupações a flor da pele a todo o momento, contudo também ficou claro que aprendi muito com tudo isso!

Passei a dar mais valor para minha família, principalmente aos meus pais! Nada me deixava mais feliz que ver o Ânimo de minha mãe e o "Gás" do meu pai, que sempre me deixou seguro cobrindo minha sonolência e cansaço deste período.

Finalizo agradecendo a todos pela leitura e deixando esta foto que simboliza toda minha alegria por mais uma batalha vencida!