segunda-feira, 21 de março de 2022

E o novo ENEM?

As mudanças mais recentes no Ensino Médio acabaram chocando estudantes e lideranças estaduais. Muitas escolas não possuem infraestrutura e a carga horária ampliada exige ainda mais compromissos escolares de nossos alunos.

O Novo Ensino Médio traz consigo algumas grandes mudanças, e uma delas é a formação com foco em itinerários formativos, estes baseados em áreas do conhecimento. Podemos dizer que o estudante faz sim escolhas vitais para sua carreira acadêmica.

E o ENEM faz parte de uma das séries de escolhas para seu futuro no mercado de trabalho ou mundo acadêmico…

Mas e o novo ENEM?

O novo exame nacional vai mudar bastante, uma mudança desta envergadura somente ocorreu diante da transição dos anos 2008 para 2009, quando o número de questões foi ampliado e a matriz mais próxima da atual passou a vigorar. 

E diante de tantas modificações no Ensino Médio nem faz sentido continuar com um ENEM tão conteudista e já pré-moldado/direcionado. A tendência é que a prova ganhe questões discursivas, priorize os conteúdos básicos das disciplinas, e permita aos estudantes a escolha de provas personalizadas. Tudo de acordo com as áreas de conhecimento que optaram durante o Ensino Médio.

O ENEM vai melhorar?

Só o tempo dirá, porém é fato que grandes mudanças devem ser feitas, até para equacionar as gigantescas transformações recentes na educação básica. Dificilmente teremos transformações rápidas, porém 2024 é logo ali, e a primeira turma desta modalidade/Novo Ensino Médio estará posta a prova.

Que os bons ventos deste exame, idealizado em 1998, nos tragam ainda mais glórias e oportunidades!

domingo, 13 de março de 2022

Os desafios do piso nacional

Os desafios do piso nacional

O piso nacional para o magistério faz parte de um plano antigo para valorização de carreiras dos docentes brasileiros. Na prática foi institucionalizado no ano de 2008, com seu primeiro ano de vigência em 2009.

Naturalmente se imagina que o piso tenha obtido êxito no combate à desvalorização docente e precarização do ensino, já que ataca um dos principais focos de debate midiáticos, os baixos salários e condições salubres de professores.

O fato é…

Que desde 2008 líderes estaduais e municipais acabam "ludibriando" carreiras e sociedade civil, já que omitem e retiram direitos em nome do cumprimento do básico. 

É justo? Não, de maneira nenhuma, já que o objetivo do piso nacional é oferecer a remuneração básica mínima.

Por ventura líderes conseguem sempre "cumprir o piso", retirando direitos e o que chamam de "vantagens"…penduricalhos muitas vezes. Exceto pelo tempo de permanência (triênios e similares) outros itens como regência de classe ou premiações sequer são levados para fins de aposentadoria.

Joga de maneira contrária aos docentes a manutenção de seus próprios direitos, já que por vezes seus vencimentos ultrapassam por poucos reais o piso nacional…incentivando lideranças políticas a simplesmente ignorarem qualquer forma de reajuste.

Qual é o cenário de 2022?

A prospecção de 2021/2022 é que o reajuste de 33% chegasse aos docentes, e vários movimentos em municípios conhecidos já se tornaram evidentes, para citar casos nas proximidades de Santa Catarina, temos Itajaí, Florianópolis e Capivari…todos terão um desfecho, ou já tiveram, mas a luta sempre continua.

Para encerrar…

Os docentes não ficam milionários exercendo sua função em sala de aula, porém apesar do amor a profissão, necessitam também de uma vida financeira equilibrada e digna, a começar pelo constante investimento em suas carreiras. 

É possível que futuramente estejamos em um cenário melhor, mas pelo andar da carruagem e disposição de liderança políticas…isso poderá demandar longos anos, infelizmente!


domingo, 6 de março de 2022

A polêmica hora-atividade!

Em tempos que o trabalho remoto ganha força, a começar pelo fator pandemia, o governo de Santa Catarina parece ir na contramão desta via. A poucos dias, por meio da SED, emitiu um decreto insinuando o cumprimento parcial por parte dos professores nas unidades escolares.


A polêmica…


O governo se baseia na lei 668/2015, a qual regulamenta uma série de atividades e deveres dos professores, inclusive é o norte para o plano de carreira dos docentes.

Para além disso, um item específico regulamenta o cumprimento de horas atividades, com uma polêmica envolvendo a conversão de horas/aula para horas relógio, ampliando assim a carga horária de professores sem que haja uma remuneração compatível com tal.


Como se dá o cumprimento?


Pela lei 668 de 2015, o cumprimento na unidade escolar é parcial, ou seja, 50% na escola, porém as escolas tinham autonomia de liberarem seus docentes. 


Agora o governo institui a obrigatoriedade,  mesmo que as escolas não tenham condições de receber todos os docentes ao mesmo tempo.


Não podemos esquecer que a maior parte das escolas possui problemas estruturais, e mais profissionais na escola gera uma demanda por mais espaços (que não existem, ou já estão ocupados por aulas). Portanto, se torna até mesmo inviável que haja uma coerência nesta proposta.


O governo forneceu computadores, porém para uma pequena gama de profissionais, os efetivos, que são a minoria em nossas escolas.O mais agravante está na falta de estrutura de rede de Internet, o que impossibilita um trabalho de qualidade. 


Portanto a exigência existe para instituições que não possuem sequer estrutura básica para que haja sem cumprimento.


Como é atualmente?


Atualmente servidores executam suas atividades fora da escola, com seus materiais, sua rede e seus equipamentos, e com isso aproveitam melhor seu tempo para gerenciamento de atividades, haja vista que escolas não fornecem naturalmente as mesmas condições.


A polêmica continua…


As manifestações já existem e ganham corpo, afinal, profissionais da educação se organizam para evitar mais um ataque a autonomia de seu cargo. Assembleia regionais e movimentos já renegam o "enquadro governamental". Diretores se organizam e cobram isonomia entre instituições.


No fundo parece que estamos sempre lidando com lideranças que não conhecem escolas e suas realidades. 

Vivem em mundos paralelos…imaginam escolas finlandesas em território catarinense.

terça-feira, 1 de março de 2022

Ainda falta muito para cumprirmos o mínimo!

Sim, caro leitor, o título é este mesmo! Nos falta ainda o básico quando falamos de educação, e afinal, o que seria este básico? 

A universalização das matrículas em todos os segmentos da educação básica…por incrível que pareça, este problema retorna às manchetes devido a ausência de vagas em vários municípios catarinenses, a começar pelos que compõem o eixo da Grande Florianópolis.É um grande problema, já que a ausência de atendimento para crianças menores de 4 anos acaba gerando sérios transtornos para pais, que trabalhadores acabam se revezando e até mesmo deixando a terceiros a responsabilidade de ficarem com suas crianças.


Deixamos claro aqui que a universalização da educação é garantia da Constituição de 1988, e desde lá vários programas foram desenvolvidos visando a distribuição de recursos para que estados e municípios (principalmente) garantam esta etapa. Várias décadas se passaram, porém os resultados apresentados ainda mostram que grande parte de nossas crianças se encontram longe de escolas ou centros de educação infantil. E até mesmo Santa Catarina e outros estados sulistas, que normalmente despontam dados educacionais mostram-se com sérias dificuldades para enfrentamento deste repto.


Como superar este desafio?


O desafio é enorme e faz parte de vários documentos básico ligados a educação, como a LDB e também metas decenais de educação. Durante a gestão de FHC e a criação do FUNDEF, várias barreiras foram quebradas e alçamos o Brasil a um patamar jamais visto, porém aos poucos parece que a educação básica deixou de ser importante. FHC, Lula, Dilma, Temer ou Bolsonaro…nenhum deles é responsável direto por estes grandes insucessos, haja vista que temos um legislativo com mais de 500 deputados, além de inúmeras comissões para solucionar demandas educacionais…além disso parece que prefeituras se agarram na possibilidade de utilizar mecanismos para ludibriar populações, apesar de inúmeros protestos, pouca coisa muda em várias realidades.


Existem vários “Brasis”?


Como disse o sábio Ariano Suassuna, 


“… que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.” 


Estes Brasis ilustrados por Suassuna separam um trabalhador, com extrema dificuldade de sobreviver em um país caro e de poucas oportunidades, de um nobre detentor de recursos, que muitas vezes nem sabe as tramas que envolvem a conquista de uma vaga em uma instituição pública de ensino.


Talvez nem saiba que muitas pessoas passam 3h todos os dias em ônibus/trens para se locomover em um caótico trânsito para executar suas atividades profissionais.

Estes são os Brasis, que não obstante do que Suassuna coloca, parece não se importar com os direitos mais básicos, como o da educação!


MEC dá bons sinais, é hora de acreditar?

 MEC dá bons sinais, é hora de acreditar?


O MEC lançou em Santa Catarina, na última semana, um programa denominado “Educação financeira na escola”, e parece dar alguns bons sinais de apoio ao Novo Ensino Médio, que ainda carece de mais capacitação de seus docentes para que trabalhem de forma inovadora com as propostas de disciplinas eletivas.


Mas o que foi lançado em Tubarão, é algo inédito?


Sim, é inédito e inovador, portanto devemos dar toda atenção e prestígio a este momento, já que além de Tubarão, apenas outros 4 municípios brasileiros vão possuir núcleos de formação docente e estudantil sobre a temática, oferecendo cursos e inovação no setor.


A pauta referente a educação financeira é antiga, e por mais que hajam críticas, é importante salientarmos que atualmente é muito importante criar uma cultura de domínio sobre o dinheiro, primordialmente em uma fase de inflação alta e dificuldades na manutenção de um padrão de vida estável.


Espera-se que as iniciativas do MEC não parem por aí, haja vista que outros segmentos também merecem atenção, não podemos esquecer que a inovação é essencial para que tenhamos melhor formação de nossos estudantes, para que atinjam objetivos maiores e mais concretos.


Milton Ribeiro, está indo bem na gestão do MEC?


Não, na realidade pareceu desconhecer por muito tempo a pasta, assim como sua voraz dinâmica, e com seus discursos vagos acabou conduzindo de maneira equivocada algumas situações recentes que permearam a educação brasileira, como o próprio ENEM, em que vários membros do INEP acabou pedindo desligamento devido ao autoritarismo de algumas lideranças.


Inovação x MEC


O MEC passa por um processo de reestruturação, e não parte de Milton Ribeiro, pois temos a implementação do Novo Ensino Médio e outras novidades que independem de quem lidera a pasta, o mais correto é conduzir estas novidades de maneira retilínea, dialogando com grandes instituições e sempre próximo das demandas reais da sociedade.


Primeiro passos para a inovação…


Propostas como esta do programa ligado a educação financeira, e outras tantas ligadas a educação continuada são de grande valia, portanto o MEC acerta mais uma vez em buscar inovação, e não somente estar ancorado no tradicional, afinal, a formação dos estudantes mudou, agora possuem novas demandas do mercado de trabalho, e os desafios do século XX mudaram…


Parece que o século XXI chegou para o MEC, antes tarde do que nunca!