sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dossiê Big Brother Brasil/ Um ensaio à fraqueza: Retorno esperado e indesejável

Na próxima semana se inicia mais uma edição do Big Brother Brasil, um dos programas mais polêmicos e criticados da história da televisão brasileira. O programa atinge este ano sua 14ª edição, e tem a previsão de ficar até 2022 em nossa telinha. A produtora Endemol já noticiou que a renovação com a Globo é iminente, o programa nada mais é que um Lionel Messi da toda poderosa Globo.

Histórico do programa:

O programa foi criado e idealizado por um produtor holandês, John de Mol, este que era sócio e proprietário da empresa que detém os direitos do programa, a Endemol. O programa foi baseado em um livro de George Orwell, mais precisamente o livro “1984”. O produtor ao ler o livro inspirou-se e decidiu criar um reality show onde participantes seriam filmados e monitorados 24 horas por dia, seu objetivo inicial seria observar o comportamento de participantes em um local desconhecido e como lidariam com um confinamento diante de pessoas desconhecidas e com milhões “Vigiando”.
Muitos países realizaram mais de uma edição do Big Brother (O objetivo inicial seria apenas uma edição), dentre os quais países desenvolvidos como Suíça, Alemanha (11 edições!), Suécia e Reino Unido, porém apenas dois países destacam-se atualmente por produzirem um número elevado de edições, Brasil e Espanha, esta que é recordista, com 16 edições até os dias de hoje.

Big Brother no Brasil:

No Brasil o programa é alvo de críticas, é tratado como escória televisiva, porém, constantemente é notícia nos principais jornais, revistas e sites brasileiros. De fato observa-se que com o passar do tempo o programa foi perdendo popularidade, sua audiência é bem menor do que outrora, contudo seria uma burrice descabida dizer que o programa não é lucrativo, afinal, a gigante Globo jamais faria 14 edições de algo que não fosse realmente rentável.

O programa mostra-se cada vez pior, se analisarmos todas as edições com cuidado, percebemos que o programa visa polemizar diversas questões, e cumpre seu roteiro de maneira fiel, sempre incluindo entre os participantes modelos, empresários, misses e demais pessoas que de fato sejam diminutas de massa encefálica, mas que agradem uma sociedade carente de heróis. Não podemos esquecer-nos das cotas e dos ideais bestiais praticados pelo programa, há sempre negros (Em menor número, lógico!) e gays, com isso visam retratar a população brasileira, olhem que perceptivos!

Big Brother Brasil: Educando uma sociedade! Fonte: Educarblog.com.br

Houveram edições em que se criou um clima de rivalidade, separando grupos e também levantando questões como homofobia, sendo que o programa seria o local menos apropriado para a discussão de tais reptos, afinal, trata-se de um lixo televisivo que pouco acrescenta a população, seus personagens pouco produzem e são maus exemplos às crianças de nosso país. Festas, bebedeiras e cenas que envolvem obscenidade são comuns, e incentivadas pela produção, o que realmente me machuca é que a população necessita destes ingredientes para assistir ao programa.

Audiência:

Se analisarmos do ponto de vista frio e calculista, percebemos que o programa pouco inova, e têm seus personagens bastante estereotipados, a produção inclusive tratou de eliminar os “Pobres” da disputa, visando assim tornar o programa mais competitivo, afinal, nos primeiros programas “pobres coitados” acabaram vencendo, o que desagradou os telespectadores da camada mais nobre da população brasileira.

Mas devemos observar que a rede aberta de televisão vem perdendo público, tanto para a TV fechada quanto para a internet, esta que, aliás, se tornou o principal veiculo de crítica ao programa. Mas analisando mais alguns números percebemos que muitos que acompanham o programa o fazem através da internet, acessando o site da própria Globo e vendo vídeos pelo mesmo, além de ler notícias relacionadas ao programa nos demais portais, isso indiretamente é dar audiência.

Audiência do program ao longo das edições, fonte: IBOPE.

Faturamento:

O Big Brother Brasil é dentre todas as edições dos demais países o mais rentável, e também o que oferece a maior premiação, chegando a 1,5 milhão de reais, fora todos os outros prêmios oferecidos de “Lambujas” por outros patrocinadores do programa. Um dos fatos que mais assombram a crítica é a capacidade de captação de recursos que o programa possui, afinal, ano após ano o faturamento do programa aumenta exponencialmente, tornando assim cada vez mais viável novas edições. Para se ter uma ideia, até 2011 à rede Globo já havia faturado mais de 2 bilhões de reais, e já possui mais de R$ 200 milhões em acordos de merchandising fechados para a edição que se inicia em 2014, sem contar que as cotas de patrocinadores tiveram um reajuste de 12%, deve ser a inflação!

Patrocinadores do Big Brother Brasil: A AMBEV tem duas cotas!

Participantes:

O Big Brother Brasil já teve 217 participantes, alguns nem ao menos chegaram a entrar na casa, ficaram em uma pré-seleção, a mesma ocorria em casas de vidros em grandes shoppings brasileiros, uma tentativa de popularizar ainda mais o programa e torná-lo interessante. De fato a grande parte dos participantes saiu do anonimato por algum tempo, porém grande maioria não se consolidou. Como havia comentado antes, os participantes em geral não demonstram nenhum talento, tampouco oferecem algo que acrescente a sociedade, e seu lastimável fim é o anonimato e o rótulo de ex-bbb, cruz que alguns carregam mesmo sendo famosos e profissionais de outras áreas. Os participantes mais destacados foram Grazi, hoje atriz, Kléber, o primeiro idiota que venceu o circo e Sabrina Sato, (humorista?) do programa Pânico na Band. Jean Wyllys merece menção honrosa, pois se consolida como um deputado federal bastante ativo, integrando o PSOL no Rio de Janeiro.

O poeta e o palhaço:

Pedro Bial era considerado até o ano de 2002 um grande jornalista brasileiro, pelo menos por maior parte da população que é fã da rede Globo, porém, ao assumir o cargo de condutor da “Nave” Big Brother Brasil acabou perdendo seu prestígio, suas crônicas e comentário ao fim de cada programa (Os de eliminação) acabam emocionando uma parcela de tolos que o acompanham, Bial estuda, lê e produz excelentes textos, transformando os personagens da casa em grandes heróis, em lindas princesas e em bravos cavaleiros. Ao ouvir alguns de seus comentários percebemos que o mesmo retira inspiração de outro local, afinal, não é possível ser criativo após tantas edições e imenso convívio com pessoas que não utilizam o cérebro e sim somente o “Corpo”.

Crítica social:

Em minha opinião, e compartilhada pela maioria racional que vive em nosso país, o programa Big Brother nada mais é que um lixo televisivo, afinal, não encontramos nada de positivo mesmo após os 12 anos de exibição em nosso país (Parecem 150!), muito pelo contrário, o programa se coloca em meses que o nosso país mal funciona (Janeiro a março), e cruza com o carnaval (Outra idiotice!).

O programa age como ferramenta de detrimento e emburrecimento de nossa população, que já não é das mais brilhantes, e por incrível que pareça, pouco faz para mudar este panorama. Hoje vemos através de dados consolidados do IBOPE que a parcela que mais consome programas como BBB são de classes inferiores a B, ou seja, uma população mais pobre e por ventura menos esclarecida, e a tendência é que seja sempre assim se nada fizermos, ou se continuarmos acompanhando programas tão esdrúxulos e desconstrutivos.

Invariavelmente assistimos comentaristas e personalidades que comentam o quão é destrutivo é acompanharmos ou prestigiarmos programas de tal calão, o Big Brother atua como desconstrutor de valores morais, éticos e privilegia determinada elite, o confinamento é algo regrado a festas, balburdias e por fim um celeiro de besteiras lastimáveis, afinal, não se vê alguém lendo ou discutindo problemas sociais ou causas cabíveis, talvez por exigência da própria Globo, afinal, quem sabe tudo o que aconteça por lá não seja previsto e ensaiado?

Por fim, acabo mais este relato, que mais parece um ensaio, ressaltando e pedindo a todos que desliguem suas televisões, ou mudem de canal, pode ser difícil inicialmente, porém nos ajudará muito na criação de um país melhor, mais consciente e crítico!

Alguns exemplos de críticas inteligentes feitas ao programa, e seus similares, lógico!

Boni (Ex-diretor da Globo) emitindo sua opinião!

Régis Tadeu, crítico musical.

Entrevistado da própria produção, logicamente a filmagem nunca foi ao ar.




2 comentários:

  1. Pela primeira vez não vi um ponto sustentável e embasado de crítica no teu blog! Não entendi exatamente qual o grande aborto intelectual e diminuição cognitiva o programa promove, segundo este texto. A falta de conteúdo que nos acrescente politicamente ou que nos faça saber mais de história, matemática ou português? A falta de discussões sociais e de outras esferas? Me aponte quantos programas, na própria Globo, apresentam estes temas? 3 ou 4? Existem programas nas grades de quase todas as emissoras, pautados somente em fofocas da vida de ‘‘famosos’’... E agora, me diga, por que estes programas não mereceram uma resenha como esta acima? Porque no programa em questão têm mulheres e homens gostosões de biquíni/sem camisa? Bem, sabemos que a primeira seleção para atores dos principais papéis em novelas é a beleza física, que fica sendo explorada ao longo de toda a trama. Por que não existem aqui artigos que critiquem as novelas pelo mesmo motivo? ‘‘Os participantes não oferecem algo que acrescente à sociedade’’. Volto a questionar: Quantos programas fazem isso? E o Bial, deixou de ser inteligente? Passou a não ter mais o título de bom jornalista por apresentar um programa de entretenimento que a massa chama de escória da TV? Um cantor que canta uma música que alguns podem achar ruim, passa a ser um mau cantor? Não acho! O que é muito nítido é que virou modinha criticar Big Brother. Como se criticar o programa desse ao indivíduo, instantaneamente, status de intelectual (não é uma indireta, pois sabes o que penso a teu respeito). E é claro que os intelectuais de facebook estão lendo Nietzsche no horário do programa. É claro que não! A prova disso é que, no último vídeo em anexo, quando questionado sobre o que gosta de ler, o Che Guevara do Youtube fica sem reação e diz que gosta de Jornal Nacional, um jornal famoso por ser parcial. Bem, sei que serei alvo de crítica da cambada de PhDs da internet, pois, como falei, isso é sinônimo de inteligência, mas é cansativo ouvir sempre os mesmos clichês. Não sou nenhum retardado de falar que a TV é mecanismo produtor de pensamentos críticos. Não é. Mas o problema é bem maior que o Big Brother, este é só o programa que mais faz sucesso! Provavelmente não verei Big Brother por falta de tempo, mas, sem dúvidas, verei alguma novela, ou outro programa que não me acrescente em nada, porque, (por favor!) se ficar preso ao fútil nos torna alienados, ficar preso ao útil nos torna robôs!

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  2. Compreendo sua opinião, Régis! Porém, discordo, sim, o artigo possui embasamento, e na verdade se enquadra até como um ensaio, contudo não discordo que outros programas também mereçam um "Artigo" ou uma análise mais aprofundada, e sim, grande maioria deles seriam programas globais, esta que sem dúvidas alguma influencia diretamente nossa vida a pelo menos 50 anos. Não discuto a influencia cognitiva, e sim social, sabemos que maus programas, informações distorcidas e más referências podem estagnar ou até mesmo comprometer uma sociedade. A TV, em minha opinião, é sim um formador de opinião, porém não quer dizer que forme de maneira consistente e alicerce uma sociedade, apesar de discorrer em outros artigos que há contribuições relevantes até mesmo da Rede Globo com alguns programas educativos, e concordo que não devem passar de 3 ou 4 mesmo. O Facebook é outra ilusão, devemos concordar que o mundo cibernético se configura como "Alice no país das maravilhas", sendo um local onde todos possuem uma vida excelente e embasamento crítico para opinar sobre qualquer assunto. Programas ruins e desconstrutivos como o BBB podem sim influenciar negativamente pessoas e comprometer áreas como a educação. O que realmente quero passar com o ensaio/artigo, é a necessidade de termos uma programação mais educativa, ou instrutiva, sabemos e concordamos que a população brasileira não possui o hábito de ler, e programas como estes se tornam ferramentas para inibir ainda mais este hábito. Concordo plenamente que devemos sim nos voltar para o entretenimento, é saudável e estimulante ninguém pode negar, contudo, os espaços voltados para a instrução da população deveriam ser ampliados, e concordamos que este não é o objetivo da Rede Globo, né?

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