terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Natal nem é tão capitalista assim!

Realmente o Natal se configura como uma data cada vez mais conexa ao capitalismo, ou melhor, ao consumismo, sabemos que nosso desejo por comprar, ou presentear neste fim de ano é aflorado, afinal, em um país de maioria cristã comemoramos o nascimento do menino Jesus, uma data especial para pelo menos 90% da população de nosso país.

Mas acima dos valores religiosos estão os valores fraternos, não me importo se o natal é ligado a comemorações religiosas, tampouco se inspira comemorações do mesmo cunho ou canções melódicas. Admiro o natal por se uma data de união e coesão familiar, sim, é feriado “Caseiro”, sabemos que milhares de coisas estão erradas em nosso planeta, continente, país, estado, município, bairro, rua e até mesmo em nossas casas, mas temos sim o direito a termos um natal festivo, e por que não, com um “Teco” de consumismo?

Não podemos julgar o natal como uma data meramente consumista ou capitalista, há pessoas que se dedicam muito na ajuda ao próximo, e emparelharmos nossa visão egocêntrica sob esta data desvaloriza lindos atos praticados por milhares de pessoas ao redor do mundo, o natal é mágico, e não falo somente isso por ter visto inúmeras propagandas da Coca-cola, e sim por ter minha família reunida sempre.

Fonte: Nuanace.blogspost.com.br

Logicamente vivemos em um país em que os dados comprovam que pelo menos no natal, 14 milhões de pessoas não terão o que comer, quanto mais um brinquedo ou roupas novas, mas não podemos nos penitenciarmos por isso, e sim agirmos de maneira pontual, ajudando a quem conhecemos a ter um natal melhor, e é claro, prestigiar iniciativas de terceiros que tentam fazer isso, podemos assim deixar um pouco do espírito capitalista natalino de lado.

Não devemos ser tão racionais em datas tão importantes, tampouco catedráticos ou acadêmicos, devemos pensar também que não podemos consertar o mundo, devemos pensar em “nós”, mesmo que por horas, devemos esquecer um pouco de tudo.

Pensemos que talvez algumas famílias estejam incompletas, e que o Natal, momento de união comum a quase todos, seja um pouco mais triste, mas reflexivo de alguma maneira. Não condene a quem deseja presentear o próximo, afinal, a maioria de nós já ganhou presentes maiores, como amigos e familiares. Os bens materiais, ora, são somente bens materiais!


Desejo a todos um feliz natal!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sou apenas um fantoche de nossa miserável e patética realidade!

Neste fim de ano letivo as conversas tomam o lugar das aulas, inúmeros conselhos decidem o futuro de alunos, alguns com méritos cruzam a linha do horizonte e seguem sua vida escolar na mais perfeita paz, alguns já galgam inclusive outras instituições para estudarem, visando logicamente uma melhor qualidade de ensino, e porque não uma formação técnica.

Aos que reprovam, resta enfrentar mais um ano letivo igual, os mesmos conteúdos, métodos, porém com colegas novos, a idade pode pesar muitas vezes e a desistência pode se tornar eminente em alguns casos, primordialmente aos que se tornam “velhos” demais para suas séries.

Fonte: http://blogsimpa.zip.net/images/reprovado.jpg

A reprovação deve ser encarada como nova “Chance”, e construindo uma analogia, podemos compará-la Às prisões, onde os alunos que “Reprovaram” continuam vagando até cumprirem suas sentenças, e algumas delas podem ser pesadas, principalmente aos que reprovam em fases de transições, tais como 5º ano, 9º ano e 3º ano do ensino médio.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-notabaixa.jpg

As duras penas a reprovação é aceita por pais, um ano perdido e de gastos deve ser levado em consideração, não é comum aceitar uma “Sentença” tão pesada, é consternador observar que seu filho ficará um passo atrás de todos os seus colegas, e com certeza, será alvo fácil de piadas e constantes deboches, contudo, continuo com a analogia às prisões, aquele que se “Arrepende” e cumpre sua sentença, provavelmente aprende a lição, e deverá prosseguir seus estudos com mais segurança e talvez confiança.

O que me machuca realmente é a maneira com que “Recuperamos” estes alunos reprovados, se é que podemos chamar de recuperação, afinal, o governo pouco investe na educação, e tampouco se importa com a qualidade do ensino na rede pública, estabelece mirabolantes exames e metas anualmente, porém nada investe em melhorias estruturais. Índices internacionais como o PISA (Programa Internacional de Avaliação), sempre nos mostram abaixo de países menos desenvolvidos.

Não sou entusiasta de dados quantitativos, e tampouco aprovo a ideia de que devemos formar cidadãos com habilidades técnicas, como os orientais adoram fazer, e gabar-se. Acredito que uma formação crítica contribui muito mais para a formação de uma nação estável e desenvolvida socialmente.

Vemos esplendorosos exemplos de educadores que se esforçam e realizam projetos de uma magnitude didática fantástica, porém poucas vezes são realmente reconhecidos ou prestigiados, e atuam de maneira “Avulsa”, o governo pouco investe no ensino básico, e direciona seus investimentos mais preciosos para o ensino superior, criando um grande hiato entre a educação básico e o nível superior.

Aos professores do ensino básico, resta preparar o aluno para o mercado de trabalho ou então para vestibulares, ou seja, para ações práticas e que não envolvam criticidade, o estímulo à criticidade, aliás, deve ser evitado ao máximo, nenhum governo deseja uma massa extremamente crítica.


Mas diante de todas as evoluções tecnológicas percebemos enfim que a escola já não exerce mais o papel de outrora. Trata-se de um mero local de encontro para maioria dos jovens, que também não fazem a menor questão de serem diferentes, desejam ser “Iguais” ou estereotipados, a criticidade e a formação de opinião é somente fruto de poucas leituras ou noticiários tendenciosos, isso quando assistem ou leem algo!

Mas afinal, a reprovação, é culpa do professor? Ou somos apenas fantoches de nossa miserável e patética realidade?!

Another Brick in The Wall - Pink Floyd



We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave us kids alone
Hey! Teachers! Leave us kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall

"Wrong, Guess again!
If you don't eat yer meat, you can't have any pudding
How can you have any pudding if you don't eat yer meat?
You! Yes, you behind the bikesheds, stand still laddie! "


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Se os deuses realmente existem, Madiba (Mandela) é um deles! O adeus de um líder da paz.

No dia 5 deste mês perdemos um de nossos grandes líderes mundiais, Nelson Rolihlahla Mandela ou “Nelson Mandela” faleceu em Joanesburgo, África do Sul, vítima de inúmeros problemas de saúde, “Madiba” nos deixou aos 95 anos.

Fonte da imagem: http://www.biography.com

Um pouco de Mandela e Apartheid.

Nelson Mandela é considerado um líder social pacifista, foi símbolo em seu país, África do Sul, da luta contra um regime chamado “Apartheid”, imposto pela Grã-Bretanha e pelo Partido Nacional no ano de 1.948, Mandela, ainda jovem, já advogado, comandava dezenas de protestos contra a absurda proposta britânica vinculada ao Apartheid, afinal, seu país já independente e possuía maioria negra, por que deveria ser comandado somente por brancos?

O fato é que de 1.948 até 1.994 (Ano em que o Apartheid foi finalizado) a África do Sul foi segregada, com o oferecimento de serviços básicos como educação, saúde e segurança pública diferenciados, e sempre superiores aos caucasianos (Brancos), a maioria negra era obrigada a conviver com migalhas remanescentes da minoria branca, o que desagradava ao mundo, pois foi perceptível a estagnação econômica existente no país durante esta época, devido é claro aos embargos praticados por outras economias mais desenvolvidas indignadas com o regime de segregação étnica.

Fonte da imagem: http://4.bp.blogspot.com/Laertevisao-apartheid.jpeg

Mandela assumiu o papel de grande líder do povo sul-africano mesmo após passar quase 30 anos em uma prisão, e, diga-se de passagem, um belo golpe de seus governantes segregadores, que preferiam ver longe um atuante contestador de seu regime totalitário.

Mandela chegou à presidência de seu país após eleições diretas, aclamado pelo povo como primeiro presidente negro, de um país de maioria negra, independente desde 1910 e sempre contando com líderes brancos. “Madiba” governou a África do Sul entre os anos de 1.994 e 1.999 e foi responsável direto pela reconciliação de inúmeros grupos tribais, permitiu também a abertura comercial de seu país e pôs fim ao cenário segregado de seu país, fazendo com que brancos e negros caminhassem juntos para o desenvolvimento do país.

Apresentou políticas sociais e econômicas fantásticas, porém era constantemente criticado por apoiar a vinda de grandes eventos para seu país, como a Copa do Mundo de 2010, que gera intenso prejuízo econômico até os dias de hoje.


Fonte da imagem: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/

Mandela deixou um imenso legado, e baseado na pacificidade conseguiu transformar socialmente seu país, logicamente muitas coisas devem melhorar na África do Sul, porém, Mandela foi o autor dos primeiros passos desta evolução.
Mandela permitiu com sua liderança, unir novamente diferentes etnias, extinguindo a rivalidade e promovendo a paz, dissecando o ambiente hostil e segmentado de seu país.

Obrigado, “Madiba”, se os deuses existem você foi um deles!

- "Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”. 
- "Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação." 
- "Não há caminho fácil para a Liberdade.”. 
- "A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre.”. 
- "A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.”. 
- "A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo.”. 

Abaixo uma canção da banda “Chave do Sol”, banda brasileira que questionava a permissão da construção de “Sun City”, imenso resort Britânico construído na África do Sul, e elemento segregador da população Sul-africana.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Uma história mal contada que não sei reescrever/A escola não é chata! A clientela é quem faz ela ficar assim!

Em mais um texto voltado para concepções educacionais, foco meu relato em torno de uma questão muito debatida entre alunos, professores e pais, a falta de interesse da geração atual pela escola. Grande maioria dos jovens comemora com afinco o fim do ano letivo, e comemoram ainda mais sua aprovação, mesmo que tenha sido um ano de repleta aprendizagem, muitos deles relatam que a escola os “Tomava” importantes 4 horas, ou mais, afinal, incluem o trajeto ou a execução de tarefas como “Perda de tempo”.

A Escola nunca foi tão interessante, não é mesmo Calvin?
Fonte da imagem:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHwR2mnPxCDDhucp6NR_RFDL3RmcjmJiQLlcMjCrmHD0qol0cRE0OjRQ4p_gF9n2GRPl17PNb8sbVYILA7kjwDNfd-BuQrkcBHdirT09Zb9cUipfGJoxixXTtFaJO2cwlu8IGwCtlvViw/s1600/Calvin+da+escola.jpg

Se não gosta de história pule os dois próximos parágrafos!

O Modelo que conhecemos de escola, no Brasil, foi iniciado a partir de um ideal reprodutivo e capitalista, um modelo fordista executado por grandes impérios europeus, visava (ou) sempre a instrução de mão de obra para o mercado de trabalho, a criticidade e conhecimento talvez nunca tenham sido a real prioridade, mas sim a disciplina e repetição. O alinhamento das carteiras e o próprio sinal são indícios lógicos de que os ideais da revolução industrial imperam até hoje em nossas escolas.

Não podemos esquecer, porém que os primeiro indícios de educação em nosso país apareceram juntamente com os portugueses (Jesuítas), que além de catequizar os índios procuraram estabelecer seu idioma, não acho justo, mas sim, grande maioria dos escritores que li aborda este momento como o início da educação em nosso país.

O que realmente importa...

Hoje em dia vemos que as escolas são classificadas como obsoletas, chatas, e facilmente são desprezadas por jovens, que em suma encaram a escola como ponto de encontro com outros desinteressados jovens. Por mais tecnológica e desenvolvida que for a escola, realmente, é difícil de se gostar de algo que impõe possui tantas regras e funciona da mesma forma a tanto tempo, com poucas e irrisórias modificações ao longo de décadas.

Porém, é complicado levarmos algumas opiniões como dogmas “Verdades incontestáveis”, é perceptível, por exemplo, que a evolução tecnológica vem afastando cada vez mais os jovens da escola, e como na instituição os mesmos não possuem a liberdade que o “mundo” externo os oferece, a mesma acaba ficando em segundo plano e desinteressante.

Realmente, na maioria das vezes o mais interessante pode ser o lanche da escola!
Fonte da imagem: http://aqwsupernews.files.wordpress.com/2011/12/escola-chata.jpg

Podemos classificar então que realmente as escolas ficaram paradas no tempo? Sim, mas os jovens avançaram demais também, e tal evolução não se remete À aprendizagem, e sim a autonomia, valores condicionados À exacerbada disciplina de outrora ficaram no passado, e o resultado disso é um intenso conflito, afinal, a escola prepara o jovem para o quê?  Vestibular? Mercado de trabalho? Ninguém sabe ao certo, nem o próprio governo, nem professores e alunos.

Outro fato alarmante é relacionado à clientela que frequenta a escola, é perceptível que jovens não demonstram nenhuma preocupação com sua instituição, tampouco investem seu tempo propondo soluções para conhecidos problemas que os próprios convivem na sua instituição de ensino, em resumo podemos dizer que o comodismo abateu os jovens.

O comodismo crítico e intelectual é perigoso! A escola deveria funcionar como local de discussão e debate científico, talvez em anos iniciais trabalhar valores e aspectos comportamentais, que devem vir de casa, lógico. Mas o que vemos em nossas escolas é um desfile conexo ao consumismo! Ninguém se interessa em saber quais são as relações entre a trigonometria e a filosofia, tampouco compreender que implicações a globalização pode ter sobre a população da África subsaariana.


Sinceramente, não sei qual é o caminho que a escola oferece, professores poderão trabalhar intensamente durante sua carreira, ministrando aulas que nunca tiveram, e sempre terão o mesmo resultado, uma clientela em suma moldada por fatores destrutivos e consumistas, talvez convertam alguns, mas serão poucos, e especiais.

Como entusiasta do conhecimento científico e da pesquisa, acredito na escola, discordo do modelo atual, mas também acredito que este possa oferecer um bom ensino e formar cidadãos críticos e preparados para o mercado de trabalho, mas primeiro devemos moldar nossa clientela, urgentemente!

Eu tô aqui pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever
A professora já tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!"





sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma derrota necessária

Durante esta semana recebi ótimas notícias, dentre as quais uma que se refere à minha efetivação como professor do estado de Santa Catarina, uma vitória precoce para quem exerce o magistério a tão pouco tempo, porém desde o início da semana meu semblante fechado já mostrara todo o peso em minhas curvadas costas, o dia da despedida estava próximo, e os dias antecedentes a este passaram voando, como sempre passaram durante este nada longo ano letivo.

A despedida que me refiro está ligada à Escola Filho do Mineiro, lar educacional que me acolheu durante este ano de 2013, e por ventura me propiciou a oportunidade de lecionar para turmas fantásticas, que inclusive foram tema de um artigo deste mesmo blog, contudo, no momento em que escrevi não havia me despedido realmente das turmas, e sim desejei fazer uma singela homenagem a quem me ajudou muito, primordialmente na decisão de continuar sendo professor, profissão esta que já estava pensando em abandonar devido às frustrações existentes na carreira do magistério.

Realmente este ano letivo me abriu infinitos horizontes, me senti útil, e realmente um formador de opinião e um intermediador do conhecimento, posso relatar que muito mais aprendi do que ensinei, e demonstrei isso em sala, em que por vezes debatia assuntos atuais que eram muito mais úteis a mim do que para os alunos, atualmente, haja paciência destes queridos!
Hoje, dia 29 de novembro tive minhas últimas aulas na turma 901, primeira turma para que ministrei aulas, lá no dia 15 de fevereiro, e também turma a qual mais me identifiquei durante todos este período de casa, no Filho do Mineiro.

Na data de hoje dei os dez passos mais difíceis de minha vida, entre o ginásio e a sala de aula, sabia que quando entrasse  em sala tudo estaria muito próximo do fim! Antes de entrar conversei com a direção e ingeri ao menos 5 copos d’água, não acredito que ela acalme, mas pelo menos me faria menos ansioso e ofegante.

Antes de entrar também me lembrei do que combinei comigo mesmo às 2h30 da manhã, do discurso pouco inflamado e das palavras cautelosas que deveria utilizar, afinal, deveria ser sempre o bonachão bem humorado de sempre, o “Lucas sem Chinelo”, e propiciar alegrias neste último dia de aula.

Quando pus a mão na maçaneta definitivamente esqueci tudo o que combinei outrora comigo mesmo, me esfacelei ao olhar a disposição de todos os alunos, realmente sabia que era o fim, então me sentei e fiz o que chamei de “Chamada mais difícil de minha carreira”, ao finalizar comecei a proferir o ensaiado discurso, ou ao menos tentar, e como previa, não consegui.

Em meu chato discurso elogiei muito a turma e todos os seus componentes, que honestamente me surpreenderam muito, e todos sabem disso, nunca escondi de ninguém que só espero o melhor de todos! Porém, durante o discurso pude ver que talvez toda minha preocupação com o adeus era recíproca, e senti que faria falta a alguns também, isso definitivamente me cativou muito, e de uma forma torta terminei meu discurso quase aos prantos, fato inédito para mim, um sujeito nada emotivo e por vezes arrogante e prepotente. Acho que naquele momento aprendi a amar, não somente meus alunos, mas também minha profissão e seu significado.

De forma embargada e com olhos marejados encerrei meu discurso, que já nem lembro mais como terminou, tamanha emoção aflorada em minha mente naquele momento, o grande vazio que sentia ao exercer minha profissão tinha sido preenchido naquele dado momento, e com muitas dificuldades e muito próximo de um choro espontâneo pedi a todos que compreendessem o quão era difícil encerrar algo tão concreto e sólido que construímos. Após isso nos retiramos e tiramos uma foto, esta que terá milhares de significados, e estará eternamente guardada em minha memória.

Ao choro e soluços sinceros ao escrever mais este artigo, finalizo dizendo o seguinte...

Hoje perdi, perdi vocês, mas foi necessário! A vida nos guiará por bons caminhos, tenham certeza disso.

Adeus 901, até o dia em que nós nos encontraremos novamente!




Carpem Diem - Fresno

E não dá pra imaginar
Como eu vou viver no mesmo lugar,
Num asilo sem ter amigos pra contar
Das coisas que eu fiz e não vou mais fazer
Porque eu envelheci
E devia morrer, mas eu me esqueci de avisar a Deus...

E agora eu sei que eu devo viver

Intensamente, viver pra um dia eu não

Me arrepender das coisas que eu fiz

E nunca mais vou fazer
Daí eu já posso morrer


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os exageros e o consumismo...Você só pode estar brincando!

O Consumismo é um tema bastante atual, e torna-se bastante difuso a partir do capitalismo e a acumulação de riquezas, logicamente está associado também à tecnologia, principalmente após os anos 70, momento em que vivemos um imenso e interminável boom tecnológico.

Se você ainda não viu, segue o vídeo, "Os dez mandamentos do Rei do camarote".

O fato é que atualmente nos deparamos com alguns pré-requisitos para nos tornarmos membros de algumas “tribos”, tais como: Possuir conta em várias redes sociais, celulares modernos e objetos de grife ou marcas famosas. Um belo exemplo dessa ostentação atrativa e banal foi veiculada pela revista “Veja”, através do famigerado e pitoresco vídeo “Os dez mandamentos do rei do camarote”.

"Rei do camarote prestigiando e enriquecendo este post!
Fonte da imagem:http://extra.globo.com/incoming/10683275-496-292/w448/rei-1.jpg

De fato o vídeo é tendencioso, e presume-se que muitas das palavras proferidas pelo rapaz no vídeo são falsas, falaciosas ou exacerbadamente aumentadas, é possível perceber que o sujeito é frágil e que se esconde atrás de sua suposta montanha de dinheiro, pesquisei e realmente encontrei fontes concretas que o mesmo possui imensa fortuna.

E o vídeo? Serve para quê? Difundir maus valores? Ou somente propagar a incapacidade humana de interagir com outras pessoas a não ser que utilize seu dinheiro como força motriz deste processo? Sinceramente? Não sei!

Em uma análise superficial diria que o vídeo pode ser considerado uma esquete de humor, com personagens e tudo mais, porém, estarrecido diante da possível veracidade do vídeo vejo o quanto o consumismo pode influenciar uma pessoa, ou melhor, uma sociedade.

Todos nós possuímos um pouco de “Rei do camarote”, afinal, por vezes tentamos dar um passo maior que as próprias pernas, galgamos o impossível, e o pior, possuímos ambições materiais, egoístas mesquinhas, não pensamos por exemplo o que os R$50 mil reais gastos pelo “Rei” em uma noite poderia fazer em um asilo ou em uma instituição como um orfanato. Talvez o “esbanjão” saiba, mas não faz questão de pensar no bem que faria privilegiando outras pessoas.

Até o Mussum já sabia, o que importa é o Status!
Fonte da imagem:http://www.criatives.com.br/wp-content/uploads/2013/11/alexander-rei-do-camarote-6-630x699.png

O ponto central da discussão, em minha concepção, refere-se à deseducação produzida pelo vídeo, invertendo os bons valores, e fragmentando ainda mais as classes sociais, a você e eu, o “rei do camarote” parece um sujeito inatingível, afinal, sabemos que nunca teremos os seus privilégios, talvez nem queiramos.

Mas pare e pense, prezado leitor, será justo exibirmos e profanarmos a filosofia de “Balada” deste sujeito, tampouco darmos a ele? Sabendo que pelo menos 14 milhões de brasileiros sofrem com intensos problemas relacionados à fome e ao abastecimento de água? Sem falar dos problemas que tangem a segurança pública e educação.

Eu, você e Seu Madruga, trabalhadores, chocados com os gastos intermináveis do "Rei do camarote" diante de um panorama social tão miserável de nosso país.
Fonte da imagem:

Realmente o consumismo se torna uma filosofia de vida quando observamos belos exemplos como o do “Rei do camarote”, ele simboliza todos os privilegiados e age em detrimento a todos os trabalhadores, estes que são os pilares do desenvolvimento de nosso país.

Mas pense, o dinheiro é dele, deixe ele gastar...

Isso é hipocrisia! Não podemos nos acomodar ao vermos situações como estas, devíamos lamentar, e não rir de cenários como o retratado no vídeo. Sabe-se que ao sobrar privilégios para alguém, falta o básico a milhares, portanto saiba que ele sim é um vilão, assim como nós somos ao prestigiar tamanho ato de ignorância.

Eles querem te vender,
Eles querem te comprar,
Querem te matar (de rir),
Querem te fazer chorar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Onde estiverem, estarei lá!

Definitivamente o ano de 2013 me trouxe intensas e magníficas surpresas, desafios também, lógico, e um dos principais foi enfrentar uma situação que jamais imaginei em meus piores dias, o desafio de dar aulas em um ginásio, sim, um ginásio, este dividido através de fúlgidos e simplórios tapumes, instrumentos estes que subdividiam salas de aula e o conhecimento.

Confesso que quando o teto da Escola Filho do Mineiro ruiu muitas hipóteses surgiram aos meus pensamentos, dentre os quais a desistência, afinal, sabia que possuía uma carga horária elevada e problemas vocais que me debilitariam e me impediriam de construir um sólido trabalho, tinha admitido que talvez não tivesse a perspicácia ou força para enfrentar este desafio.

No entanto acabei continuando, sou teimoso! Mal havia ministrado aulas para as quatro turmas que tinha na escola, e, portanto não conhecia bem os alunos, pensando nisso resolvi me dar uma chance e ver até onde poderia ir, e até onde meu calo vocal, já bastante antigo, me permitisse.

Durante o decorrer do ano percebi que poderia ir até o fim, mesmo desejando muitas vezes abandonar o barco, em dado momento comecei a perceber que tinha em minhas mãos duas joias, duas raras pérolas, duas turmas modelos, coisas que qualquer professor deseja, ainda mais professores como eu, extremamente exigentes e chatos.

901 no Museu Augusto Casagrande, em Abril.

Estas duas turmas eram a 901 e 902, minha identificação foi rápida e após adentrarmos o ginásio. A criticidade e o poder de argumentação de ambas as turmas me fascinava, já era viciante ministrar aulas para estas turmas, por longos meses foram às horas mais prazerosas que tive, uma intensa troca de informações e discussões acaloradas sobre temas realmente importantes para a disciplina.

902 em sala de aula, novembro.

Ambas as turmas possuem características bem peculiares, e fui adotando critérios diferentes para avaliá-las, percebi que a cada dia que passava os alunos melhoravam e se tornavam mais autônomos, realmente nunca escondi dos mesmos a profunda admiração que sentia por eles, não havia silêncio em sala, sempre que podiam questionavam de maneira inteligente o andamento de nossas aulas e métodos que eu utilizava. Quintas e sextas, ao fim da manhã, resplandecia um enorme sorriso em minha face, tal sorriso deve-se ao sentimento de dever cumprido.

Os dias foram passando, e aulas foram indo, na verdade o ano voou, tudo aconteceu muito rápido, e sabia que um dia talvez teria que me despedir de todos estes admiráveis pupilos, mas não desejava que este dia chegasse, afinal, no mês de setembro já havia recusado uma proposta de trabalho muito vantajosa pensando em tudo o que havia construído com os mesmos, não queria mais abandonar o barco como desejava outrora.

E o fim de ano chegou, e o dado momento que tanto evitei pensar também, a despedida! Saudades me atormentaram por muito tempo, e nostalgia também, foram belos e bons momentos vividos nas duas turmas, muito conhecimento discutido e difundido, afinal, até atividades onlines nós fizemos, fato novo em escolas públicas, mas para nós, um time unido, não!

Termino mais este longo relato agradecendo profundamente a todos os alunos das turmas 901 e 902 por este ano incrível, e lembrem-se “Onde estiverem, estarei lá!”, talvez não fisicamente, mas com certeza de espírito e de coração!

Nunca se esqueçam também do que sempre procurei dizer-lhes, em formas de conselhos, primordialmente no que se referem a sonhos, afinal, é sabido que todos vocês possuem imensa capacidade, e sempre esperarei ver inúmeras conquistas de todos, mesmo que a distância. Me sentirei também responsável por tudo que virá de bom, pois sempre tentei semear o melhor.

Por fim, sentirei saudades eternamente, mas sempre devemos evoluir e crescer, das fotos tiramos bons fatos e bons momentos, mas em nossa cabeça imperará sempre a amizade e a relação de cumplicidade que construímos.

Um abraço apertado e do tamanho do mundo,

Do homem bomba, ou do Lucas Sem chinelo.

Não vou deixar desmoronar
Castelos que eu construí
Com minhas mãos na areia
A vida tem de prosseguir
Prometa não chorar

E não se arrepender
Não chorar, não chorar
O que você precisar
Se encontra em você
Não chorar, não chorar

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Nas noites em que virei...Texto incidental: O adeus da individualidade.

Ao ligarmos a televisão ou até mesmo ao acessarmos outros meios de comunicação como a internet dificilmente nos deparamos com boas notícias, é evidente que vivemos em um país subdesenvolvido e pouco organizado socialmente ou economicamente, porém também sabemos que coisas boas acontecem em nosso país, mas nós teimamos, preferimos ver a desgraça travestida em nossa límpida face.

É inegável aceitarmos o fato de que tudo o que é ruim nos chama atenção, massivamente falando, observamos também que seguimos tendências um tanto quanto controversas e possuímos uma forte predisposição de adoção do conceito de “Ir a favor da maré”.

É sabido que ir contra a maré é muito dificultoso, deixarmos hábitos que alimentam nosso sedentarismo intelectual é mais difícil ainda, afinal, quem em sã consciência deixaria de ver “Revange” ou qualquer outra série ou filme famoso para ver um episódio do Telecurso 2000 ou ler um livro de cunho informativo ou científico? Poucos! Talvez alguns corajosos, mas, e os mesmos, debateriam com quem o que leram?

Não veto a leitura de um Best seller ou o acompanhamento de um enlatado americano (Série), questiono a falta de identidade do brasileiro com sua cultura. Durante essa última semana tive a oportunidade de presenciar uma manifestação cultural tipicamente brasileira, porém que somente conhecia pelas leituras efetuadas a cerca de nosso folclore nacional, tratava-se do Boi de mamão, uma das fábulas mais contadas e populares de nosso folclore.



Boi de mamão, elemento cultural trazido nos primórdios da colonização portuguesa.
Fonte da imagem: http://blogdamarejada.files.wordpress.com/2011/10/img_4356.jpg

A Apresentação foi linda, estupenda e maravilhosa, não há adjetivos que a descrevem, principalmente por ser um espetáculo composto primordialmente de crianças. Mas e o resto? Onde estão os outros elementos culturais de nosso país? Lá em Florianópolis presenciei um dos poucos focos da verdadeira cultura de nosso estado/país, tenho certeza.


Luciana Gimenez apresentando mais um de seuss interessantes programas!
Fonte da imagem: http://rudivan.no.comunidades.net/imagens/burro2.jpg

A condição de desprezo a estas manifestações deriva-se de uma homogeneização e padronização de nossos hábitos, nossos principais hábitos estão conexos ao comportamento de grandes nações, tanto é que nos divertimos somente diante de um computador ou de uma televisão, muito dizem que tal modo de diversão é saudável, afinal, evita-se o contato com “Marginais” ou pessoas.

Quando deixamos nossos hábitos de lado seguimos uma tendência cruel e descabida chamada alienação, esta que pretende formar meros cidadãos “Obedientes” e trabalhadores, e não críticos. O lixo que circula pela internet ou chega à nossas televisões é o mais puro retrato de nosso país, composto em suma, infelizmente, de ignorantes.


Datena, sempre abrilhantando suas tarde com sangue, crimes e miséria, porém sem mover uma palha para reverter essa situação.
Fonte da imagem: http://blogdocara.xpg.uol.com.br/charge-datena-na-tela.html

Para finalizar saliento que devemos ser críticos e não aceitarmos essa padronização, muito menos prestigiar as babaquices ou devaneios existentes na televisão, ou corroborarmos para a disseminação de informações tendenciosas ou errôneas na internet. Por isso, caro leitor, abandone o sensacionalismo e a rasa opinião de fragmentadores de opinião que trabalham na difusão de desgraças, tais como: Marcelo Rezende, Datena, Luciana Gimenez entre outros tantos.

Tudo muda ao teu redor, o que era certo, sólido
Dissolve, desaba, dilui, desmancha no ar No moinho, giram as pás, e o tempo vira pó De grão em grão, por entre os dedos, tudo parece escapar

Estamos no centro, por dentro de tudo, no olho do furacão
Estamos no centro de tudo que gira, na mira do canhão
Se for parar pra pensar, não vai sair do lugar

!Não tem parada errada, não! No olho do furacão!


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O fim da infância/O fim do sonho de um visconde

Realmente vivemos em um mundo dominado pela tecnologia, tudo está atado a computadores, celulares e meios de comunicações em geral, o que de certa forma é muito vantajoso, principalmente para quem convive com as barreiras impostas pela distância métrica.

A tecnologia também nos trouxe alguns novos desafios, dentre os quais a comunicação direta e a concentração, diferentemente de outrora, hoje executamos infinitas atividades ao mesmo tempo e por vezes as executamos sem ao menos nos darmos conta do que realmente estamos fazendo, é tudo muito “automático” e rotineiro.

Um dos maiores dilemas que enfrento atualmente é de que maneira encarar a infância, é latente que com o passar dos anos a mesma foi encurtando, e com os avanços tecnológicos é muito comum percebermos crianças de 9 anos que já não pertencem mais aos grupos que recebem a alcunha de “Crianças”, o que de certa maneira me choca.

Os Power Rangers!
Fonte da imagem: http://imgdf-a.akamaihd.net/st/news/images/The-Rangers-mighty-morphin-power-rangers-23879058-1024-768.jpg

Pesquisando e lendo para escrever mais este relato deparei-me com infinitas definições conceituais para o termo infância, dentre as quais algumas sobre a origem da mesma, afinal, é sabido que em tempos antigos, na verdade nem tão antigos, a infância não existia.

Segundo a maioria dos autores que li, a infância surge no continente europeu entre os séculos XVI e XVII, e advém da necessidade de preparação da sociedade para um futuro melhor e mais próspero, pelo menos é o que pensavam os governantes europeus na época, sendo assim, a partir dessa época as crianças deixariam de ser “Adultos-anões” e passariam a frequentar um mundo mais condizente com a sua idade, e também mais imaginativo e lúdico.

Bela invenção! Claro, sabemos que a revolução industrial, no século XVIII, tinha como objetivo utilizar crianças como mão de obra, porém, o pensamento de que “Temos que libertar e dar espaços as crianças” surgiu, um tremendo avanço.

A infância em um contexto atual.

A infância passa e passou por diversas transformações, contudo, nos últimos anos vem se modificando rapidamente, em uma velocidade que muitas vezes é incompreensível. Em 20 ou 30 anos atrás uma menina de 13 ou 14 anos brincava de boneca, ou de casinha, há 10 anos uma menina de 12 anos ainda brincava de correr e de cozinhar com suas amiguinhas e os meninos de carrinho ou jogavam o velho e bom futebol nas ruas do bairro, deixando no asfalto metades de dedos e de solas dos pés.

Saudades de tudo isso! Na televisão, que possui má qualidade desde aquela época, podíamos ver uma intensa programação dedicada às crianças, os desenhos animados e séries eram engraçados e satirizavam situações corriqueiras, até as novelas eram interessantes, a tecnologia era restrita e a televisão era o principal difusor de informações, o que de certa forma melhorou com a chegada da internet.

Mas é evidente que a internet também nos trouxe a “Morte” da infância, nos dias atuais é comum vermos meninas menos de 10 anos de idade com pensamentos fúteis e meninos da mesma idade com intensa preguiça de aprimorar sua coordenação motora através de atividades, além de que, tudo hoje em dia é associado a “Bullying”, tal associação acaba por retrair ainda mais algumas crianças.

Goku sempre salvou o planeta, mas sempre sofreu Bullying
Fonte da imagem: http://1.bp.blogspot.com

A tecnologia hoje nos permite estarmos próximos demais, porém nos afasta, assim como afastou as crianças da ludicidade, ou seja, criatividade, as tornando meras escravas do consumismo e das atividades comuns, estas que são sempre relacionadas ao computador e aos celulares.

 Por fim, temos hoje, em minha opinião, a “Morte” da infância, se você tem mais de 18 anos talvez tenha vivido uma infância recheada de coisas bacanas e construtivas, mesmo com problemas econômicos, do contrário, é praticamente impossível não associar seus primeiros dez anos de vida à tecnologia.
Pega-pega, bons tempos de correria!
Fonte da imagem: http://michelborges.com.br/wp-content/uploads

Tomara que um dia tenhamos novamente a infância do “pé-na-bola”, “esconde-esconde”, “pega-pega” e do futebol com os amigos, porque essa cibernética e estática me dá sono...

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança.
A gente brinca
Na nossa velha infância.



Olhe pra você agora
Quem é a criança que chora?
E a culpa é sua por hoje eu ser assim
E a culpa é sua por eu não ter sido criança
E a culpa é sua por eu não ter tido infância.