quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Vamos falar de educação: Versos das memórias que eu mesmo criei jogados pelo chão...

Abismos separam uma realidade que se cruza em poucas avenidas ou ruas posteriores, sim, existem imensas diferenças entre as escolas públicas e privadas em nosso país, que diferentemente de outros países como o Chile, Argentina e Peru, oferece em suas escolas públicas apenas as migalhas conteudistas que definitivamente não formam um cidadão crítico, tampouco um trabalhador para o concorrido e impetuoso mercado de trabalho dos dias atuais.

A escola pública do Brasil está alicerçada por pilares fragilizados e por um descaso completo em todas as instâncias de poder, outrora os municípios acabam se salvando por trabalharem com uma gama menor de atendimento (Normalmente atendendo somente o ensino fundamental), mas mesmo assim ficam devendo em todos os segmentos ao compararmos os rendimentos dos alunos de ensino privado e público.


Mas de quem será a culpa por tamanha discrepância? Afinal, presumimos que ninguém possa ter mais poderio de investimentos que o governo federal, pois o mesmo recolhe altos impostos de todos os cidadãos brasileiros (Utopicamente falando). Para onde vai todo este dinheiro advindo da contribuição de cidadãos e da produção de nosso país? Para a educação ele não chega, deve mesmo ficar pelo caminho nas canaletas de desvios de dinheiro públicos existentes em nosso continental país.

O setor privado da educação tem como fundamento principal preparar jovens para os vestibulares, concursos e por vezes, quando a instituição possui uma tendência pedagógica tecnicista, preparar para o mercado de trabalho. O jovem que possui condições de frequentar aulas em uma instituição de ensino privada, principalmente no ensino médio, caminha a passos largos a frente de qualquer aluno do ensino público, números mostram isso.


O Ensino público de nosso país respira há décadas por aparelhos. Com uma simples pesquisa podemos ver que em todos os estados ocorrem seguidos incidentes envolvendo escolas e suas precárias estruturas, e por vezes, percebemos que grande maioria dos estabelecimentos escolares públicos nem possuem mínimas condições de receberem seus estudantes.

O conteúdo ministrado pelos professores é o mesmo, os métodos por vezes também, contudo as metodologias nem sempre, afinal, grande parte, para não generalizar, das escolas públicas possuem pífias condições em suas salas de multimídias, laboratórios e demais instalações de cunho educacionais. Percebe-se a ausência de tecnologias nas escolas, em suma vemos as mesmas condições de 20 ou 30 anos atrás.


Escolas privadas tornam-se atrativas por possuírem aspectos infraestruturais no mínimo interessantes, como lousas digitais, tablets e laboratórios bem equipados e devidamente monitorados, além, claro, de estudos diversificados, tais como: Robótica, práticas esportivas e por vezes, dramaturgia.

Sabe-se que muitas escolas públicas possuem elevados índices educacionais e resultados fantásticos em olimpíadas e eventos escolares de cunho científico, exemplos são corriqueiros, mas se reservam sempre a localidades afastadas onde o trabalho comunitário fortalece muito mais a escola, o que não ocorre em grandes ou médias cidades.

No Brasil, segundo dados do IBGE (Dados de 2011), temos ao menos 51 milhões de alunos matriculados no ensino público, contra quase 8 milhões de alunos do ensino privado, em números absolutos a diferença é enorme, porém, ao conferirmos dados anteriores vemos que o cenário esta se desenhando de maneira clara: Matrículas no ensino público decrescem, e matrículas no ensino privado crescem exponencialmente.


Discursos reducionistas julgam que a clientela é que faz a diferença em comparações efetuadas perante dados educacionais. É perceptível também que os melhores alunos, buscando qualidade julgam as escolas privadas como melhores preparadas para construírem seus futuros, o que não é uma inverdade, afinal, diante de todas as características do ensino público já citadas no texto e que você, perceptivo leitor, já conhece, é difícil de imaginar que alguém se oponha a estas ideias.

Professores são os seres que são apontados como os construtores e formadores de cidadãos da nação, contudo, no ensino público, que não cumpre nem ao menos sua promessa de reajustes salariais e de condições de trabalho fica difícil de imaginarmos que consigamos manter um padrão elevado de qualidade, como já citado, por vezes a questão econômica nem é a mais importante, e sim as condições de trabalho.

Quando ingressei no curso de Geografia, lá no longínquo ano de 2008 sempre imaginei como seria ser professor, desejava isso desde a 3ª série do ensino fundamental, queria a contra gosto de todos me tornar um professor e geógrafo, sabia desde lá que jamais seria rico ou milionário, e que também não gozaria de uma vida fácil, tampouco rotineira e sossegada. Porém, havia o sentimento de educar e de ensinar geografia, talvez teimosia pura também!

E durante os anos de graduação, eu, que fui aluno do ensino público, sempre me imaginei como um profissional que fosse voltar às raízes, ou seja, retornar ao ensino público. Imaginava poder contemplar os alunos com o que nunca aprendi na geografia, e por vezes, ministrar as aulas que nunca tive, penso (ava) em qualificar o ensino público, e hoje já vejo que a caminhada é muito mais dura do que eu imaginei.


Por vezes abraço o mundo e busco todas as possibilidades, assim como grandes profissionais que hoje dividem as escolas comigo, estudamos, nos dedicamos e algumas vezes abdicamos de “Nossa vida” pelo ofício de ensinar, contudo, somos barrados e estigmatizados por sermos sonhadores, e por também não possuirmos as mínimas condições de competir com o ensino privado.

Tenho certeza, e certeza absoluta que os educadores do ensino público possuem qualidade, e concordo com um grande amigo, Rafael Matos, que afirma que os melhores docentes estão no ensino público, porém, as piores condições também.

Finalizo mais um texto desejando a todos os docentes, primordialmente aos que atuam no ensino público muita força, afinal, sabe-se que transformações no ensino ocorrerão, e grande parte delas serão prejudiciais a nós e nossos alunos.

"Meus heróis não usam máscara ou capa,
Eles lutam por um futuro melhor,
Não ganham muito e tampouco são reconhecidos,
Mas são fundamentais.
São do tipo que salvam o mundo,
Que livram o mundo da ignorância e escuridão,
 Talvez para alguns não sejam realmente heróis,

Mas sempre serão meus professores."

O Triunfo. Ser Professor.


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