Abismos separam uma
realidade que se cruza em poucas avenidas ou ruas posteriores, sim, existem
imensas diferenças entre as escolas públicas e privadas em nosso país, que
diferentemente de outros países como o Chile, Argentina e Peru, oferece em suas
escolas públicas apenas as migalhas conteudistas que definitivamente não formam
um cidadão crítico, tampouco um trabalhador para o concorrido e impetuoso
mercado de trabalho dos dias atuais.
A escola pública do Brasil
está alicerçada por pilares fragilizados e por um descaso completo em todas as instâncias
de poder, outrora os municípios acabam se salvando por trabalharem com uma gama
menor de atendimento (Normalmente atendendo somente o ensino fundamental), mas
mesmo assim ficam devendo em todos os segmentos ao compararmos os rendimentos
dos alunos de ensino privado e público.
Mas de quem será a culpa por
tamanha discrepância? Afinal, presumimos que ninguém possa ter mais poderio de
investimentos que o governo federal, pois o mesmo recolhe altos impostos de
todos os cidadãos brasileiros (Utopicamente falando). Para onde vai todo este
dinheiro advindo da contribuição de cidadãos e da produção de nosso país? Para a
educação ele não chega, deve mesmo ficar pelo caminho nas canaletas de desvios
de dinheiro públicos existentes em nosso continental país.
O setor privado da educação
tem como fundamento principal preparar jovens para os vestibulares, concursos e
por vezes, quando a instituição possui uma tendência pedagógica tecnicista,
preparar para o mercado de trabalho. O jovem que possui condições de frequentar
aulas em uma instituição de ensino privada, principalmente no ensino médio, caminha
a passos largos a frente de qualquer aluno do ensino público, números mostram
isso.
O Ensino público de nosso
país respira há décadas por aparelhos. Com uma simples pesquisa podemos ver que
em todos os estados ocorrem seguidos incidentes envolvendo escolas e suas
precárias estruturas, e por vezes, percebemos que grande maioria dos
estabelecimentos escolares públicos nem possuem mínimas condições de receberem
seus estudantes.
O conteúdo ministrado pelos
professores é o mesmo, os métodos por vezes também, contudo as metodologias nem
sempre, afinal, grande parte, para não generalizar, das escolas públicas
possuem pífias condições em suas salas de multimídias, laboratórios e demais instalações
de cunho educacionais. Percebe-se a ausência de tecnologias nas escolas, em suma
vemos as mesmas condições de 20 ou 30 anos atrás.
Escolas privadas tornam-se
atrativas por possuírem aspectos infraestruturais no mínimo interessantes, como
lousas digitais, tablets e
laboratórios bem equipados e devidamente monitorados, além, claro, de estudos
diversificados, tais como: Robótica, práticas esportivas e por vezes,
dramaturgia.
Sabe-se que muitas escolas
públicas possuem elevados índices educacionais e resultados fantásticos em
olimpíadas e eventos escolares de cunho científico, exemplos são corriqueiros,
mas se reservam sempre a localidades afastadas onde o trabalho comunitário
fortalece muito mais a escola, o que não ocorre em grandes ou médias cidades.
No Brasil, segundo dados do
IBGE (Dados de 2011), temos ao menos 51
milhões de alunos matriculados no ensino público, contra quase 8 milhões de alunos do ensino privado,
em números absolutos a diferença é enorme, porém, ao conferirmos dados
anteriores vemos que o cenário esta se desenhando de maneira clara: Matrículas
no ensino público decrescem, e matrículas no ensino privado crescem
exponencialmente.
Discursos reducionistas
julgam que a clientela é que faz a diferença em comparações efetuadas perante
dados educacionais. É perceptível também que os melhores alunos, buscando
qualidade julgam as escolas privadas como melhores preparadas para construírem
seus futuros, o que não é uma inverdade, afinal, diante de todas as
características do ensino público já citadas no texto e que você, perceptivo
leitor, já conhece, é difícil de imaginar que alguém se oponha a estas ideias.
Professores são os seres que
são apontados como os construtores e formadores de cidadãos da nação, contudo,
no ensino público, que não cumpre nem ao menos sua promessa de reajustes
salariais e de condições de trabalho fica difícil de imaginarmos que consigamos
manter um padrão elevado de qualidade, como já citado, por vezes a questão econômica
nem é a mais importante, e sim as condições de trabalho.
Quando ingressei no curso de
Geografia, lá no longínquo ano de 2008 sempre imaginei como seria ser professor, desejava isso desde a 3ª
série do ensino fundamental, queria a contra gosto de todos me tornar um
professor e geógrafo, sabia desde lá que jamais seria rico ou milionário, e que
também não gozaria de uma vida fácil, tampouco rotineira e sossegada. Porém,
havia o sentimento de educar e de ensinar geografia, talvez teimosia pura
também!
E durante os anos de
graduação, eu, que fui aluno do ensino público, sempre me imaginei como um
profissional que fosse voltar às raízes, ou seja, retornar ao ensino público. Imaginava
poder contemplar os alunos com o que nunca aprendi na geografia, e por vezes,
ministrar as aulas que nunca tive, penso (ava) em qualificar o ensino público,
e hoje já vejo que a caminhada é muito mais dura do que eu imaginei.
Por vezes abraço o mundo e
busco todas as possibilidades, assim como grandes profissionais que hoje
dividem as escolas comigo, estudamos, nos dedicamos e algumas vezes abdicamos
de “Nossa vida” pelo ofício de ensinar, contudo, somos barrados e
estigmatizados por sermos sonhadores, e por também não possuirmos as mínimas
condições de competir com o ensino privado.
Tenho certeza, e certeza
absoluta que os educadores do ensino público possuem qualidade, e concordo com
um grande amigo, Rafael Matos, que afirma que os melhores docentes estão no
ensino público, porém, as piores condições também.
Finalizo mais um texto
desejando a todos os docentes, primordialmente aos que atuam no ensino público
muita força, afinal, sabe-se que transformações no ensino ocorrerão, e grande parte
delas serão prejudiciais a nós e nossos alunos.
"Meus heróis não usam máscara ou capa,
Eles lutam por um futuro melhor,
Não ganham muito e tampouco são reconhecidos,
Mas são fundamentais.
São do tipo que salvam o mundo,
Que livram o mundo da ignorância e escuridão,
Talvez para alguns não
sejam realmente heróis,
Mas sempre serão meus professores."
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