Poucas pessoas de fato sabem
que o carnaval não é uma festa tipicamente brasileira, e sim é originada
através de festanças ocorridas em Portugal, nossos colonizadores. O Brasil
apropriou-se do carnaval e o tornou cada vez mais “Abrasileirado” desde o
século XVII, período em que são datados os primeiros carnavais em nosso país.
Nesta época, pelo que li e apurei, os carnavais ainda eram elitizados e por
vezes completamente inspirados nas festas carnavalescas que ocorriam no
continente europeu.
Os carnavais europeus eram
desfiles mascarados e urbanos, incluindo os folclóricos e já incorporados
personagens que conhecemos, como o Rei Momo. No Brasil, os blocos e trios
surgiram com o fim de agrupar pessoas, que por vezes possuíam fantasias
parecidas e eram acompanhadas por marchinhas, estas que se reproduzem aos
montes e caracterizam carnavais por nosso país, trazendo um ar de heterogeneidade
entre as festas que ocorrem em regiões fora do eixo central de nosso país.
Lendo o livro “Almanaque do Carnaval - A História do Carnaval, o que Ouvir,
o que Ler, Onde Curtir”, percebi realmente que até o fim da década de 1970 o
carnaval era caracterizado como uma festa democrática e popular, afinal,
bastava ter o gosto pelo samba para “Curtir” a festa, por vezes as pessoas
desfilavam e montavam seus blocos sem um devido compromisso, somente se
importavam com a diversão, contudo, como André Diniz aponta, autor do livro, após
o início da cobertura televisiva o carnaval em grandes centros passou a ser
mera competição ou ferramenta promocional de celebridades.
O Autor aponta que os custos e
investimentos de escolas e agremiações passaram a extinguir as chances de
cidadãos comuns participarem de desfiles, imensos locais começaram a ser
reservados para os desfiles, que se tornou em suma um imenso “Torneio”, sendo
que apurações começaram a serem verdadeiras guerras, que por vezes mais
envolviam o ego de comandantes de escolas que o desejo de uma comunidade pela
vitória.
André Diniz salienta que a partir dos
anos 90 a entrada das grandes cervejarias foi preponderante para elitizar as
festanças carnavalescas em grandes centros, os camarotes em passarelas
começaram a se multiplicar e o povo começou a ser tratado como massa
consumidora, invertendo o papel de outrora. Grandes marcas promovem seus
produtos à custa de personalidades, que visitam o Rio e São Paulo com o intuito
de lucrar e não de conhecer a “Festa tipicamente brasileira” que hoje exclui
mais do que diverte.
O panorama atual do carnaval
Nos dias de hoje o carnaval move muito
capital, e capital público! Algumas escolas do Rio de Janeiro recebem quase 5
milhões do governo para organizarem seus desfiles, além de todo o dinheiro que
advém de seus milionários patrocinadores, cervejarias disputam a tapas a
exclusividade de distribuição de bebidas nessas festas, bem como seus
camarotes. Podemos adiantar que pelo menos 35 milhões de reais (dados de 2013)
de dinheiro público passam pela Marquês de Sapucaí em dois dias de desfiles do
grupo especial, se há dúvidas sobre a veracidade de tais dados, clique aqui!
A maioria dos brasileiros é crítica ao
carnaval, aponta que a festança é elitizada e constata que nem todos os
habitantes de nosso país realmente podem usufruir deste período de feriados e
festas. Aos poucos também vemos que pessoas aproveitam o feriado prolongado
para efetuar planos de viagens e descansar em locais menos movimentados e que
por vezes são esquecidos nessa época do ano.
Outro ponto interessante da discussão são os gastos e o retorno dado pelo carnaval, afinal, sabemos que são milhões
gastos para um ou dois desfiles, e que provavelmente tudo após um tempo é
desmontado e descartado, em uma suposição lógica aponto que o carnaval nada
mais é do que queimar dinheiro de maneira irresponsável.
Comunidades pobres, tais como onde
existe a escola Mangueira, no Rio de Janeiro, são espremidas e juntam montes de
dinheiro para financiar algo que jamais dará retorno à escola, por mais
encantadores que sejam os desfiles não darão empregos o ano todo e tampouco
estudos ou possibilidades de ascensão social a algum cidadão da comunidade.
Os 35 milhões gastos no Rio de Janeiro
em 2013 com certeza financiariam a educação de muitos, bem como a formação
técnica ou superior de outros tantos, sem falar em melhorias em saúde e
segurança pública, além de remunerar de maneira justa profissionais que
realmente constroem uma sociedade.
O Carnaval dos dias atuais
na verdade se reserva a grandes centros, ou pontos esporádicos em determinadas
regiões, e nos traz sempre a incerteza, primordialmente para pais e mães que ao
deixarem seus filhos irem para festas não sabem se os mesmo acabarão retornando,
afinal, é constatado que temos um número exacerbado de crimes, acidentes e
índices de violência bem altos nessa época.
A imagem do Brasil acaba sendo distorcida e desprivilegiada em todo o planeta, que de fato acaba nos conhecendo por alcunhas famigeradas e tremendamente enganosas, tais como: “O país da bunda”, do “carnaval” e do “Futebol”. E quem lucra com isso? Determinada elite que trata os brasileiros como fantoches e meros coadjuvantes de sua própria história.
Em dos poucos relatos e depoimentos lúcidos, Rachel Sheherazade emite um opinião sincera e interessante sobre o carnaval.
Fontes das imagens:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIJwOh-eERnW8cuXkxa0dA88HgOwM8kUA0p2ZJUEzBeaCpeHbZI415Y03wCAc2J_739y_SWpOlFrArXHS4JkXUvErAJpPtmnVs-q6XYkKfhDZ2LDVrQC6VNTUSu1z_QktSvOHB5ReiUdK2/s1600/charge-carnaval2.jpg
Nenhum comentário:
Postar um comentário