Durante as últimas semanas
tenho visto por milhares de vezes um comercial vinculado na internet, nele, um
passageiro negro está em uma poltrona já esperando a decolagem e lendo uma
espécie de jornal ou revista, posteriormente chega uma senhora “Branca” que sem
ao menos se sentar já despeja antipatia e um olhar preconceituoso sobre o rapaz, este
que pareceu simpático e receptivo, porém já imaginara desde o momento os maus
bocados que sofreria se viajasse ao lado da velha senhora que o condenara
apenas por sua cor de pele.
O Mais interessante ocorre
em seguida, quando a senhora, que já demonstrava estar incomodada com a
situação (De sentar ao lado de um negro) chama a comissária de bordo e exige
que a mesma consiga um novo lugar a ela, que segundo seu depoimento, não
viajaria do lado de um negro, a comissária se opõe ao comentário e diz que a
classe econômica já está lotada, porém, de maneira insistente ela profana o
seguinte:
-Faça qualquer coisa! E a comissária responde
gentilmente que falará com o comandante.
Logo a comissária chega e dá
o recado da existência de um lugar para a 1ª classe, porém, o mesmo não é
reservado à mulher mandona e xenofóbica, mas sim ao negro que teve que aguentar
tamanho descaso e falta de educação, e o mesmo aceita prontamente e se livra da “mala” que estava ao seu lado.
Segue o comercial, vinculado
por uma emissora portuguesa de televisão:
Tal comercial reflete algo
que já estamos acostumados a lidar em nosso cotidiano, o preconceito, e não são
somente os negros que convivem com tal prática destrutiva, todas as minorias
convivem com o ardor de um olhar diferenciado. Abastados, brancos e lindos de
olhos claros, estes seriam os modelos ideais para compor nossa sociedade,
afinal, por vezes percebemos que o preconceito transido em nossa sociedade nos
faz sentir inferior se não possuirmos nenhuma das características acima
citadas.
Pessoas bonitas e com
características que são consideradas mais agradáveis possuem chances maiores de
ascenderem socialmente, não precisamos nem ao menos de dados para confirmar
isso. Sabemos que a maioria dos universitários brasileiros são caucasianos e a
maioria de nosso favelados negros, e quando nos deparamos com políticas que
possam retorcer esta realidade distorcida voltamos a torcer nosso nariz,
afinal, concordamos com todas as ações sociais corretivas até que elas nos
atinjam, este é o nosso limite.
Nos últimos tempos nos vemos
integrantes de um imenso debate, as cotas, tal polêmica se estende de norte a
sul de nosso país, e elas nos revelam opiniões de intelectuais, escritores,
músicos e demais personalidades, algumas contrárias às leis e outras tantas a
favor.
O Brasil tem amadurecido
esta questão que envolve cotas, e por vezes parece retroagir perante os demais
países, porém isso é o que a maioria das pessoas que desconhecem a história do
nosso país quer que você pense. As cotas no Brasil se iniciaram por volta dos
anos 2000, e inicialmente possuía pilares ideológicos frágeis, utilizando
argumentos que por vezes inferiorizavam minorias, o que definitivamente não é o
papel das cotas.
Em minha opinião, as cotas “Raciais”,
digo entre aspas já que odeio utilizar este termo estapafúrdio, afinal, somos
somente uma raça, a humana, não são válidas ou fidedignas, já que na linha de
pensamento que sigo vejo que negro não são inferiores, e nem merecem ser
tratados como tais, mas boa parte da camada da população brasileira sim é
inferiorizada, não intelectualmente, mas sim por dificuldades em acessar
serviços básicos de qualidade, tais como educação, saúde e segurança pública.
Nesta camada de mais pobres
existem negros, pardos, brancos e amarelo, e grande parte em igualdade social,
e aqui quando me refiro ao social englobo a situação econômica das famílias,
afinal, não podemos pensar no social sem ao menos relacionar o econômico.
As cotas sociais me parecem
mais interessantes, afinal, abarcam todos os que possuem mais dificuldades em
ascenderem socialmente, ou até mesmo em acessar os serviços básicos já citados.
Além de que as cotas sociais avaliam uma situação mais abrangente que a
avaliação da cor de pele de alguém, tornando assim possível o direito de
oportunizar a jovens e adultos o ingresso em universidades, cursos e demais
formações educacionais.
Outro modelo cotista adotado
nos últimos anos, de maneira progressiva é claro, são as cotas para estudantes
de escolas públicas, estes que por vezes se viam presos ao dever de pagarem
pelo ensino superior, já que por vezes as vagas nas estaduais e federais eram
ocupadas por estudantes de cursinhos e de escolas particulares, tornando assim
o caminho inverso, como mostra a figura abaixo:
O programa de cota é
interessante, porém possui alguns pontos discordantes e conflitantes, porém
segue como uma maneira interessante de ofertar o ensino público a alunos
advindos de escolas públicas, afinal, se a escola é pública, por que devo pagar
no ensino superior?
No ano de 2016 teremos 50%
das vagas de escolas públicas de ensino superior, tecnológico e técnico
destinadas a alunos que cursaram o ensino público na rede pública de ensino,
porém observe que as subcotas existentes nas cotas são o grande causador de
conflitos e debates por todo o território nacional, sugiro observar e ler os
links no fim do relato.
Por fim, deixo aqui mais um
relato baseado apenas em mais um corriqueiro e reflexivo comercial, afinal, o
preconceito étnico é algo milenar e que por vezes não machuca apenas uma pessoa
ou determinado grupo, mas mancha a honra e a dignidade de uma nação.
Que as cotas no ensino
superior superem os pensamentos de Ariano Suassuna.
“É
muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois
países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.”
Links interessantes:
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