quinta-feira, 8 de maio de 2014

O amargo sabor da despedida

Segundo o dicionário Aurélio (2014) podemos definir a palavra “despedida” das seguintes maneiras:


“s.f. Ação de despedir. / Saudação no momento em que pessoas se separam. / Ato de mandar embora, de dispensar um empregado.”
De fato sei bem o que significa despedida e já me habituei a executá-las, afinal, como professor acabo conhecendo muitos alunos  anualmente, alguns mais marcantes, interessados e amigos, é verdade, outros talvez fiquem apenas como vaga lembrança.

O fato é que na Educação de Jovens e Adultos tudo isso é “maior”, afinal, você lida com um público já adulto e preparado para intensos desafios e para a aprendizagem, não que o ensino dito “regular” não propicie, mas nós professores sabemos que a experiência é única.

Neste ano recebi um desafio diferente, este que se tratava em lecionar em um município distante do meu, mas que por conveniência seria bom, pois estudo em um município mais distante ainda. O trajeto Praia Grande e Sombrio foram feitos semanalmente por 4 meses, e que maravilhosos meses!

No início de qualquer disciplina o professor sempre tem um frio na barriga, afinal, não é fácil lecionar para a adultos e ainda mais em local tão distante de sua realidade, posso dizer que joguei fora de casa inicialmente! Mas com paciência as coisas foram se encaixando e a “Viagem” que eu fazia, e que inicialmente era configurada como um “Trabalho”, mais pareceu uma missão prazerosa.

Poucas vezes me importei tanto com uma transição de turmas na EJA, afinal, sabe-se que o pouco tempo impede de criarmos laços profundos com os alunos, mas admito que desta vez fraquejei na despedida, e covardemente preferi evitá-la, talvez sendo um pouco frio e calculista, mas desmanchando por dentro.


É muito interessante saber e confiar que fiz parte de uma “História” que começou a ser construída lá em 2012 quando estes alunos decidiram retornar aos bancos escolares, e com pouca idade já percebo realmente que o papel de um professor deve transcender aos métodos e metodologias aplicadas em sala de aula, o professor deve ser multifacetário, ter um  humor incrível e acima de tudo, conveniente e complacente, talvez até cúmplice, da aprendizagem, lógico.

A rigidez imposta por uma sociedade que adota um modelo de escola do início do século XIX deve ser rechaçada, afinal, não necessitamos mais sermos carrascos ou disciplinadores para obtermos bons resultados, lá, na Turma 40, na empresa Italianinho em Sombrio eu tive a certeza disso.

Que o gosto amargo da despedida pertença somente ao professor Lucas Cechinel...

Você diz foi bem fácil me esquecer
Que o laço nasceu para ser cortado,
Mas eu vou discordar.
Memórias não somem assim.

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