quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Onde estiverem, estarei lá!

Definitivamente o ano de 2013 me trouxe intensas e magníficas surpresas, desafios também, lógico, e um dos principais foi enfrentar uma situação que jamais imaginei em meus piores dias, o desafio de dar aulas em um ginásio, sim, um ginásio, este dividido através de fúlgidos e simplórios tapumes, instrumentos estes que subdividiam salas de aula e o conhecimento.

Confesso que quando o teto da Escola Filho do Mineiro ruiu muitas hipóteses surgiram aos meus pensamentos, dentre os quais a desistência, afinal, sabia que possuía uma carga horária elevada e problemas vocais que me debilitariam e me impediriam de construir um sólido trabalho, tinha admitido que talvez não tivesse a perspicácia ou força para enfrentar este desafio.

No entanto acabei continuando, sou teimoso! Mal havia ministrado aulas para as quatro turmas que tinha na escola, e, portanto não conhecia bem os alunos, pensando nisso resolvi me dar uma chance e ver até onde poderia ir, e até onde meu calo vocal, já bastante antigo, me permitisse.

Durante o decorrer do ano percebi que poderia ir até o fim, mesmo desejando muitas vezes abandonar o barco, em dado momento comecei a perceber que tinha em minhas mãos duas joias, duas raras pérolas, duas turmas modelos, coisas que qualquer professor deseja, ainda mais professores como eu, extremamente exigentes e chatos.

901 no Museu Augusto Casagrande, em Abril.

Estas duas turmas eram a 901 e 902, minha identificação foi rápida e após adentrarmos o ginásio. A criticidade e o poder de argumentação de ambas as turmas me fascinava, já era viciante ministrar aulas para estas turmas, por longos meses foram às horas mais prazerosas que tive, uma intensa troca de informações e discussões acaloradas sobre temas realmente importantes para a disciplina.

902 em sala de aula, novembro.

Ambas as turmas possuem características bem peculiares, e fui adotando critérios diferentes para avaliá-las, percebi que a cada dia que passava os alunos melhoravam e se tornavam mais autônomos, realmente nunca escondi dos mesmos a profunda admiração que sentia por eles, não havia silêncio em sala, sempre que podiam questionavam de maneira inteligente o andamento de nossas aulas e métodos que eu utilizava. Quintas e sextas, ao fim da manhã, resplandecia um enorme sorriso em minha face, tal sorriso deve-se ao sentimento de dever cumprido.

Os dias foram passando, e aulas foram indo, na verdade o ano voou, tudo aconteceu muito rápido, e sabia que um dia talvez teria que me despedir de todos estes admiráveis pupilos, mas não desejava que este dia chegasse, afinal, no mês de setembro já havia recusado uma proposta de trabalho muito vantajosa pensando em tudo o que havia construído com os mesmos, não queria mais abandonar o barco como desejava outrora.

E o fim de ano chegou, e o dado momento que tanto evitei pensar também, a despedida! Saudades me atormentaram por muito tempo, e nostalgia também, foram belos e bons momentos vividos nas duas turmas, muito conhecimento discutido e difundido, afinal, até atividades onlines nós fizemos, fato novo em escolas públicas, mas para nós, um time unido, não!

Termino mais este longo relato agradecendo profundamente a todos os alunos das turmas 901 e 902 por este ano incrível, e lembrem-se “Onde estiverem, estarei lá!”, talvez não fisicamente, mas com certeza de espírito e de coração!

Nunca se esqueçam também do que sempre procurei dizer-lhes, em formas de conselhos, primordialmente no que se referem a sonhos, afinal, é sabido que todos vocês possuem imensa capacidade, e sempre esperarei ver inúmeras conquistas de todos, mesmo que a distância. Me sentirei também responsável por tudo que virá de bom, pois sempre tentei semear o melhor.

Por fim, sentirei saudades eternamente, mas sempre devemos evoluir e crescer, das fotos tiramos bons fatos e bons momentos, mas em nossa cabeça imperará sempre a amizade e a relação de cumplicidade que construímos.

Um abraço apertado e do tamanho do mundo,

Do homem bomba, ou do Lucas Sem chinelo.

Não vou deixar desmoronar
Castelos que eu construí
Com minhas mãos na areia
A vida tem de prosseguir
Prometa não chorar

E não se arrepender
Não chorar, não chorar
O que você precisar
Se encontra em você
Não chorar, não chorar

2 comentários:

  1. bah lembra até do apelido que lhe coloquei "homem bomba"
    valeu por tudo!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Edijane Cristina Canto da Rosa.15 de novembro de 2013 às 15:56

    Sou mãe de uma de suas alunas "A Gladys" E AGRADEÇO DE CORAÇÃO pois nos dias que tinha aula contigo ela sempre dizia: não mãe, amanhã não posso faltar, tem aula com o professor Lucas. Desse tipo de professor que o Brasil está precisando. O professor que o aluno vai sentir falta.

    ResponderExcluir