domingo, 30 de março de 2014

A Geografia e a religião: Um eterno engodo.

Um dos temas mais abordados nos últimos tempos em sala de aula é o conflito entre a ciência e a religião, e normalmente a disciplina de Filosofia se encarrega de promover um debate e construir uma discussão saudável entre os alunos, sendo que o professor atua como mediador e assim apresenta várias facetas para tal discussão.

A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega - Albert Einstein

Concordo que a Filosofia (até por não ser uma ciência) lida melhor com este debate, a reflexão sobre este tema é essencial para o aluno compreender sua sociedade e o papel primordial que as religiões possuem em seu cotidiano.

Na disciplina de Geografia tudo é mais complexo, afinal, você lida com uma disciplina que surge de uma ciência, há métodos e técnicas por de trás de tudo que o professor irá comentar. A ciência geográfica é muito mais antiga do que se pensa, e as escolas alemãs e francesas desenvolveram técnicas, métodos e procedimentos únicos, tornando assim a Geografia uma das mais completas e complexas disciplinas do currículo escolar.


Sendo o campo responsável pelos estudos demográficos, a Geografia propõe profundas reflexões sobre o comportamento e características de determinadas populações. Pesquisas são realizadas para aferirmos a composição étnica e as condições sociais dos habitantes de determinados países, estados ou municípios. E através destes dados podemos constatar que nosso país é cristão!

Não que isso seja ruim, mas o desafio se torna muito maior!

Um professor por vezes deve apresentar versões diferentes para o surgimento do universo, sistema solar ou até mesmo sobre o início da vida humana em nosso planeta, porém, sabemos que na escola devemos dar todo apreço para a discussão científica, panorama oposto de nossa realidade.

Duas mãos trabalhando fazem mais que milhares unidas rezando – Charlie Chaplin

Você, como educador, até pode mostrar o contexto bíblico e elucidar que cada um escolhe seus ideais e dali em diante pode escolher “O que vai acreditar”, porém, tento não fazer isso, e prezo sempre para a discussão em nível científico, isso não quer dizer que você vai passar por cima de dogmas religiosos pré-estabelecidos por religiões que seus alunos seguem.



Ao iniciar uma discussão sobre o que chamamos de “Início de tudo” percebemos que grande parte dos jovens (E por vezes adultos) possui pouco conhecimento sobre a versão científica, ou seja, com piadas infames e comentários tolos julgam o “Big Bang” como mera teoria, menosprezando o fato da realização de pesquisas intensas para se chegar à mesma.
Darwin, contribuidor de valia máxima para a Geografia também é ridicularizado e tido como um escritor de ficção, sendo que sua obra é classificada como um enfadonho delírio de cientista com parafusos a menos, pelo menos é o que percebo diante de asneiras colocadas em comentários pobres e de embasamento raso.


Todas as religiões são a verdade sagrada para quem tem a fé, mas não passam de fantasia para os fiéis de outras religiões – Isaac Asimov

A crítica central está embasada no fato de que professores, por vezes, preferem não discutir e iniciar um debate sobre a temática na disciplina de Geografia, jamais classificarei como perda de tempo, afinal, é papel do geógrafo elucidar e mostrar-se atento a todas as teorias que fazem parte do ramo científico que decidiu seguir.

Como ateu, tenho uma visão que muitos consideram fechada para a discussão, porém, saliento que não me refiro a religião como “besteira” ou como entidade “Desconstrutora de sociedade”, apenas coloco que a mesma não pode ditar e frear ânsia de aprendizagem de nossos jovens, que por vezes recebem informações distorcidas e adquirem um pré-conceito ao estudarem teorias de cunho geográfico que contradizem os dogmas criacionistas.

Afinal, me parece ser um imenso engodo cobrar de um aluno o pleno entendimento da teoria da “Deriva continental” se o mesmo crê que o mundo foi criado em poucos dias, totalmente estabelecido e habitado em seguida.




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